Agora, já com a segunda dose consolidada no braço e após um ano e meio entre arriscadas incursões pelas ruas – apenas três viagens – e prisão dentro de casa, fiz a opção por reencontrar com minha maneira de ser e viver. Nesse tempo, quase metade em total isolamento, não consegui superar a dependência – quase crônica – de lavar roupas, arrumar a casa e a cozinha (mesmo com alimentação congelada).
Não fiquei totalmente perturbado, graças ao resfriamento de apetitosos pratos preparados pela Ione – que está comigo tem mais de dez anos – e suas aparições ocasionais para dar uma geral no apartamento. Não fosse isso, seguramente minha des(harmonia) teria me condenado a lugares nunca antes conhecidos. Me virei relativamente bem, mas com reconhecida dependência.
Depois de vacinado, ainda que me mantendo com todos os cuidados recomendados, como o uso de máscara, álcool, lavar as mãos, distanciamento e evitando aglomeração, estou de volta para tudo aquilo que a vida me proporciona e estimula. Tenho três hábitos que me acompanham faz tempos. Cafeteria, numa boa prosa com pessoas escolhidas; sala de cinema, saudade que eu estava do telão; e ir aos jogos do meu time do coração.
Gradativamente fui reconquistando esses espaços. Tive, por décadas, amigos de mesa de bar. Desde 2001, com muita dificuldade, superei o vício da “cervejinha”. Não me faz falta, e comum é nessas mesmas mesas da atualidade ter amigos que optam pelo suco de cevada. Não me incomoda, desde que a prosa seja boa. E nisso, graças ao bom Deus, tenho bons amigos e – consequentemente – boas prosas.
Tem cerca de 15 dias que, muito cabreiro, entrei numa sala de cinema. O filme, longe daquilo que esperava, foi marcante para tirar o receio que me incomodava. Com público reduzido, cada um distante do outro, pude comemorar esse retorno. De lá para cá, já fui cinco vezes e as fitas estão até melhorando com esse meu relaxamento e eliminação da paranoia hipocondríaca.
E os jogos no Mineirão? Até o momento fui em quase todas as partidas do meu Galo neste 2021. Pelo Campeonato Mineiro, estive em todos os jogos realizados em Belo Horizonte, até mesmo no Independência. Da mesma forma nos confrontos pela Copa Libertadores, desde o início, como amanhã também vou lá levar minha força das arquibancadas. A partir de agora, ainda que com público parcial e observadas as restrições, o Torcedor volta a ocupar o espaço.
Dito isso, quero concluir. Ontem no blog do Galo, que assino aqui mesmo no UAI, usei o título de um dos livros da querida Leila Ferreira com a intenção de mostrar aos parceiros de arquibancada a importância de buscar a arte e a leveza de viver. Ainda motivado pelos recentes avanços de libertação, sigo com os ensinamentos da Leila em sua obra “A arte de ser leve”, para motivar os dias que ainda – espero que por mais algumas décadas – me restam nessa existência.
Quem não leu, sugiro a leitura, acredito que ainda encontre em loja virtual, talvez até nas principais livrarias. E aproveitemos, você e eu, para buscar viver em melhor ambiente com os diferentes. Até meus rivais no futebol, motivos não me faltariam, tenho preservado. Sobre o Brasil atual, igualmente, tento relevar até quem me agride. Para alguns virei comunista ao criticar o atual presidente. A esses, coitados, que sigam seu caminho obscuro e infeliz no combate ao inexistente. Na ideologia do anticomunismo sem o comunismo. Permito repetir um dos ditos que mais aprecio, e é de Ferreira Gullar. “Não quero ter razão. Quero ser feliz”. Isso incomoda. Sou e estou feliz!
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Ainda estou adiando o meu encontro com a telona... Já li o livro da Leila. Excelente! Mas ainda não consegui incorporar a leveza.