Esta tarde, levei meus dois filhos para andar de bicicleta em uma rua a um quarteirão de nossa casa. É uma rua plana, especialmente calma aos feriados, onde só existem casas e não passa quase carro nenhum.
Ao chegarmos, avistamos um grupo de meninos, de idades aparentemente próximas às deles, com suas respectivas “bikes”.
Logo, disse aos meus:
– Vão lá fazer amizade!
Como se fosse fácil assim.
Um pouco tímidos, eles rodearam os garotos, exibindo manobras e algumas pedaladas ágeis.
Surtiu efeito. Logo, se cumprimentaram e perguntaram os nomes uns dos outros. Em poucos minutos, estavam batendo papo e pedalando juntos.
Passado algum tempo, saiu um garotinho de uma das casas que ficam na rua, com sua bicicleta. Ele rodeou o grupo, mas não lhe deram muita atenção.
Fiquei observando a cena um pouco incomodada, à espera da oportunidade de sugerir a um dos meus filhos que chamasse o que estava de fora para o grupo.
Eis que num momento, ouço o grito de meu escandaloso caçula. Ele havia se estabanado e caído de lado, junto ao passeio. Ao ir a seu encontro, percebi o tal garotinho aproximar-se e oferecer ajuda naquela aflitiva situação. Embalaram em pleno assunto, quando o mais velho juntou-se a eles.
Ao perceber que o pequeno não conseguiria mais pedalar, sugeri que fôssemos embora. Então, o garotinho gritou para sua mãe, que estava à sacada:
– Posso ir à casa deles?
E foi assim que voltei para casa com três meninos recém amigos, de uma amizade feita nos moldes de antigamente. Na rua, ao ar livre, com a perna esfolada, mão estendida e solidariedade.
Como se fosse fácil assim.
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