Quino/Estado de Minas

Diagnóstico de bipolaridade

Quino/Estado de Minas
Diagnóstico de bipolaridade/Quino/Estado de Minas
Eduardo de Ávila

Acho improvável, ao que estamos acompanhando, um entre nós que não esteja passando por variações acentuadas de humor. Essa mudança, que até antes da crise sanitária era identificada em pessoas com disfunção de sono, apetite, libido, disposição e – consequente disso – repentinas mudanças entre euforia e depressão.

Pois que, depois desses 14 meses de enfrentamento a COVID – em meio a tanta informação e contra informação –, gente que até então era tido como bastante equilibrada e “normal”, vem cedendo às truculências do ambiente. Não bastasse o medo da doença, seja como acometido ou como mero transmissor, a paranoia ataca a cada um de maneira diferente.

Ainda assim, reitero e me incluo no rol das vítimas desse momento – desconheço alguém que enfrente esses duros tempos com total equilíbrio. No início tudo era estranho e o pavor ajudou no isolamento dentro de casa. Muitos, como eu, sozinho durante meses e sem ver a rua. Não fossem as redes sociais, creio que teria sido muito mais pirante, danoso e doloroso.

Em meio a tanto abre e fecha nesse tal de lockdown (na língua portuguesa – versão brasileira – significa confinamento), ficamos atordoados e isso nos causou todo esse dano emocional. Qual é o significado e como funciona essa medida de proibir as pessoas de circular pelas vias públicas? É uma imposição de governo que restringe o ir e vir, evitando a disseminação do vírus.

Seria menos traumático, não fosse a politização dessas ações. Esses bloqueios, determinados pela maioria dos municípios e estados, teve reação no governo federal que tentou e ainda insiste em não tomar as medidas sanitárias necessárias e preventivas contra a doença. Ao invés de investir em pesquisa e antecipar encomendas de vacinas, o pR optou por insuflar seus apoiadores e propagar tratamento precoce desaconselhado pela medicina.

Foto: STR/AFP
Foto: STR/AFP

Infectologistas renomados foram desancados por autoridades federais de diferentes áreas, fora do universo da pesquisa e saúde, para defender uma ação até suicida de confronto à preservação de vidas. Economia é importante, porém – ainda que lentamente – se recupera, enquanto a vida é uma só. E é nesse ambiente de uma quase guerra interna que estamos atravessando – ainda sem vacina suficiente – o período mais triste do Brasil nos últimos 100 anos.

Como consequência disso, mais de 420 mil mortes – muitos entre negacionistas (o coronavírus não escolhe a ideologia, raça e religião) – que debocharam da doença, infectaram e transmitiram o vírus ao longo desses tempos sombrios. No primeiro momento do distúrbio, ainda desconhecido, ao que observamos as pessoas foram mais cuidadosas. Agora, nessas novas cepas e/ou variantes desse maldito vírus, tanto por um relaxamento coletivo quanto por resistência capitaneada pelo governo federal, a letalidade tem sido muito acima do já registrado.

Em meio a tantas referências sobre o assunto, expondo muito mais desconhecimento que domínio por aventureiros com interesses diversos na saúde pública, ficamos nós, inexperientes, oscilando entre as notícias (muito fake) que nos chegam diariamente. E tragicamente perdendo amigos com frequência. Espanta a quantidade de mortes decorrentes de pessoas conhecidas e algumas muito próximas. Doem demais essas perdas.

Dói também – ainda muito mais – perceber nossa fragilidade e constatar que passamos a ser números em gráficos contabilizados pelas autoridades. Ao invés de atuar na busca para amenizar a crise e as perdas, o pR fomenta seu exército ruminante a aglomerar em defesa de um desgoverno que envergonha o Brasil perante todo o mundo.

Nossa brasilidade, combinada com o jeito alegre e festivo nos mantém a euforia de viver, já o governo da familícia e seus pastores e seguidores, atiram o brasileiro na mais angustiante depressão. A História do Brasil e do mundo vai registrar o retrocesso e o obscurantismo causado pelo chefe dessa tropa e seus 01, 02, 03, desmatadores e frentistas sorrateiros à margem do Ipiranga.

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