Que o ministro é terrivelmente evangélico não podemos dizer — é católico. Mas terrivelmente ele é. Liberar a realização de missas e cultos presenciais no pior momento da pandemia deve ser a definição de “terrivelmente” — um advérbio de modo terrível, aliás — em algum dicionário do vernáculo bolsonarista.
Ainda de acordo com esse glossário horrível — só para não dizer terrível —, promover a lotação de templos em domingo de Páscoa pandêmica só pode ser o antônimo do símbolo pascal. Logo, sinônimo de morte. Conotação perfeita ao bolsonarismo.
Mas, como semântica nunca foi o forte dos ruminantes, vamos à prática do raciocínio deles, isto é, à falta de pôr em prática o raciocínio.
Imagine você estar diante de um copo d’água e outro, de vinho. Esta é a sua única chance de matar a sede, e você bebe o quê? O vinho. Foi o que fez o terrivelmente ministro ao sopesar dois princípios fundamentais, a vida e a liberdade religiosa. Tomou o sangue de Cristo e derramou a vida no ralo.
Por que diabos as igrejas poderiam abrir se as escolas ainda estão fechadas? Porque ninguém teve a ideia de passar a caixinha do dízimo na hora do recreio e pedir uma liminar. E com as escolas abertas chegaríamos a 500 mil mortos mais cedo.
Cultos e missas não são diferentes de uma classe cheia. Fiéis cantam, oram e se abraçam. E crianças, especialmente as da turma do fundão, são terríveis: bagunçam, riem, levantam, pulam, fazem montinho no colega, cospem e fazem bolinha de meleca.
Mas nada tão terrível se comparado a um terrivelmente ministro.
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O meu problema é que eu não consigo parar um filme no meio. “Nomadland”, de Chloé Zhao, com seis indicações ao Oscar, roubou quase duas horas da minha vida. Estou ficando velho ou a maioria dos filmes estão terrivelmente chatos?
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