Se nos governos anteriores, como o do PSDB e depois do PT, as reformas fundamentais e necessárias não aconteceram, não será agora, com uma gestão personalista e distante de princípios básicos de uma democracia, que irão ocorrer. Os grandes partidos, assim tidos e havidos – com programas e estatutos a serem cumpridos –, estão sendo moídos na preferência do eleitor.
Nem a militância consegue alavancar aquele que já foi esperança de milhões de brasileiros. Outras legendas, que mais se parecem com uma grife de perfumaria, igualmente correm pelo ralo na confiabilidade do eleitor. E a reforma eleitoral adormece nos gabinetes de quem deveria priorizar as mudanças que caducam na contramão do interesse coletivo.
Incrível, estamos a menos de três semanas das eleições municipais, sem qualquer indício ou clima eleitoral. Eu disputei dois pleitos, vencendo o primeiro e experimentando uma derrota no segundo, embora não tenha sido como candidato à reeleição. Primeiro em Araxá e depois Belo Horizonte. Em ambas e outras dezenas que tive participação ativa (igualmente ganhando e perdendo), o ambiente eleitoral sempre tomava conta do dia a dia da população.
Fico daqui pensando e buscando entender a razão dessa falta de entusiasmo do eleitor quanto aos nomes colocados em busca do mandato de prefeito e de vereador. Não admito que o isolamento social seja a causa. Acompanho com mais proximidade as eleições de BH e Araxá. A primeira onde resido e a outra minha cidade natal, onde fui vereador entre os anos de 1982 até 1988.
Tanto numa quanto na outra, é perceptível a falta de entusiasmo – até mesmo empatia – do eleitor com as candidaturas colocadas. Lá na minha cidade do interior, onde a disputa histórica entre PSD x UDN, Arena x MDB, depois com PMDB, PSDB, PFL e PT sempre digladiavam, agora o embate está entre partidos ocasionais e sem representatividade. As maiores chances estão com Cidadania e Patriota, duas legendas insignificantes no cenário político mineiro e nacional.
Os demais, acreditem, são do PROS, do velho Novo, além de duas legendas mais consistentes, PT e PTB. Porém, sem que as candidaturas mostrem o desempenho que sugira a vitória. Ao que acompanho, dificilmente pode acontecer de uma terceira via avançar e ocupar esse vácuo. Os demais, salvo melhor juízo, posam de figurantes. E eu voto lá. E assim como cá, tenho minhas preferências que – muito mais que pessoais – são por nomes e propostas que demonstrem compromisso com o social.
Já em Belo Horizonte, capital dos mineiros, onde passaram pela Prefeitura ilustres homens públicos que chegaram ao governo de Minas Gerais, e até à Presidência da República, o roteiro não é diferente. Distinto da minha Araxá, em BH, somos inundados com pesquisas quase que diariamente. Todas elas, sem juízo de valor pessoal, sinalizando pela reeleição do atual prefeito já no primeiro turno. Ouço muito pelas ruas, especialmente entre motoristas de aplicativos, que votam nele para evitar segundo turno.
O prefeito está filiado ao inexpressivo PSD (que nenhuma relação tem com o homônimo de décadas passadas), tendo como concorrentes os igualmente nanicos Cidadania, PRTB, Solidariedade, Novo – que reitero, é velho –, PROS e – entre as candidaturas tidas como sem chance – até PT e PSDB.
Um entre os postulantes, derrotado para a Prefeitura de sua cidade há quatro anos atrás, agora quer ser prefeito de Belo Horizonte. Apelou ao futebol, dizendo que “vai virar esse jogo”. Ele e outro usam a imagem do presidente da República, que recentemente disse apoiar “aquele gordinho” para a Prefeitura de Belo Horizonte. Nem o nome soube dizer.
Se prevalecer mesmo o que as pesquisas vêm indicando, fica comprovado que a população não aceita ataques sistemáticos aos concorrentes em busca do voto. Um candidato tem dois anos que não faz outra coisa – embora tenha mandato parlamentar – que não seja atacar o prefeito que busca a reeleição. Sem sucesso nessa empreitada, agora arrisca num mote de campanha de “emprego, emprego, emprego”.
Coincidentemente, talvez a campanha do prefeitável tenha se inspirado nisso, esse apelo foi decisivo às eleições de Araxá em 1996. Vitoriosa a campanha, depois da posse o slogan foi abandonado pelo prefeito eleito. Fato é que, com tristeza e até mesmo – quem sabe – num movimento de reação que ainda não consegui perceber, a população não se deixa mais levar pelas tradicionais, antigas e defasadas legendas partidárias.
O recado vem sendo dado faz algum tempo. Caçador de marajás, nova política, fim da corrupção e nem mesmo governos com grande ação social têm sido perdoados. A meu juízo, a cada nova eleição, ainda que subliminarmente e até sem perceber, o povo quer reformas concretas na política, economia e projetos transparentes que mostrem a todos para onde estão sendo canalizados e utilizados os recursos públicos. Não dá mais para tolerar dinheiro, que se na mão era vendaval, agora vem sendo guardado e carregado dentro da cueca ou até mesmo em orifício jamais imaginado.
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A política atual prima pela falta de interesse para com o povo, e total interesse pelo lucro próprio e manipulação fácil. Talvez enqtº estivermos corrompidos, presos a ignorância, a alienação,ao desinteresse político, teremos governantes corruptos, ignorantes e que usam a política para alienar o "analfabeto político" cada vez mais. Uma reforma de consciência eleitoral no próprio povo é necessária, já q ele sempre foi usado e manipulado; ñ acontecendo, a reforma eleitoral não vai adiantar de nada e a politicalha continuará sendo o reflexo da sociedade,podre,mas sociedade.(sic)