O título, entre aspas, é de um dos livros da prima/amiga/confidente/conterrânea Leila Ferreira. Fala de maneira leve e com bom humor sobre o universo feminino. Neste final de semana, Leila e Fernando, casal muito querido, conviveram com a perda da Lili, – uma linda cachorrinha, companheira deles por mais de dez anos – tida e dita como afilhada deste blogüeiro.
Lili, em meus mais de 60 anos, foi a única entre os animais de estimação que me sensibilizou. Arredio a eles, embora tenha passado minha infância na fazenda e no meio de várias espécies, – inclusive com alguns nada amistosos – após assumir a vida urbana perdi essa ternura. Com Lili era diferente. Acho que nossos santos se davam bem. Fiquei tão triste quanto Leila e Fernando. Minha afilhadinha era realmente um encanto. Foi marcante!
Dito isso, necessário se faz explicar a razão em utilizar o título de um livro da Leila para nomear a nossa prosa de hoje, aqui neste blog que participo com outras seis pessoas também muito estimadas. Eis que no sábado, com essa onda de flexibilização do isolamento social, arrisquei um almoço familiar de tempos passados. Vale dizer, convivi no final de semana com um momento bucólico e outro de perda. Sobressaltos da vida!
O encontro foi entre minha filha, sua mãe e eu, já que cada um mora num lugar diferente e durante o isolamento nos comunicamos por redes sociais e por videoconferência. Algumas decisões foram tomadas com essa tecnologia que ainda me assusta. Reunidos na atual residência da filha, pudemos prosear por um bom tempo. Ah! Não vivo com a mãe dela, mas temos boa convivência.
A boa prosa a que me refiro – daí me leva ao livro da Leila – era cortada quando me atrevia – ainda que cochilando na poltrona da sala – me manifestar. Qual a razão desse devaneio? Nesta deliciosa edição da obra, ela, Leila, num dos capítulos, traz uma autêntica e manjada reunião entre amigas em torno de uma mesa. O contexto, ao fim da leitura, é que todas elas falavam ao mesmo tempo. Nenhuma ouvia a outra e ainda assim voltavam para casa aliviadas e realizadas com o reencontro. Cada qual imaginando ter atualizado as outras de sua vida.
Pois, foi como senti nesse almoço de sábado, que se estendeu em uma boa conversa por quase toda à tarde. Sei que meu cochilo, segundo ambas afirmaram, teve direito a ronco. Assim foi até o momento que desisti de participar da conversa. Cheguei a dizer que elas (notadamente a mais velha) me faziam lembrar o saudoso Tancredo Neves. Indagado por qual a razão, fui curto. “Estou rouco de tanto ouvir”.
Durante essa minha curta participação, ainda pude tentar colocar ordem no roteiro. Quando uma atropelava a fala da outra, eu solicitava que se aguardasse a primeira concluir, para entender melhor o que estava sendo dito. Invariavelmente, em contextos totalmente diferentes. E assim foi até que o sono se apoderou e foi mais forte do que a minha resistência.
Insuficiente, entretanto, quando mesmo sonolento percebo a filha fazendo uma pegadinha com a mãe, que distraidamente ia polemizando com a brincadeira. Só levantei a cabeça e disse: “não percebe que ela está te zoando?” E assim se seguiu a boa e diferente tarde de sábado.
Nem mesmo um barulho ensurdecedor de alguém na vizinhança nos atrapalhou. A mim parecia uma furadeira, mas elas afirmam ter sido um aspirador. Talvez uma moto serra. Como eu estava no relaxamento, pareceu ter durado a tarde toda, mas garantiram ter sido menos tempo.
Em meio a esse festival do reencontro, já sem o barulho que incomodou meu sono, vou acordando lentamente e noto que o silêncio imperava no ambiente. Abro os olhos e percebo a claridade indo embora, denunciando que o dia dava lugar à noite, mas onde estavam as duas? Daí observo cada uma no seu canto com uma mão no celular e outra no teclado. Tempos modernos!
E foi muito bom esse reencontro. A filha com muitos planos pessoais e profissionais. Mamãe e papai se sentindo com o dever cumprido. E assim seguirei meu período de longevidade, esperando que seja por décadas até o pretendido centenário. A mim ficou claro uma coisa. A normalidade vai nos trazer de volta tudo como era antes. Eu, implacavelmente, chato e implicante!
Imagens: 1, 3 e 4) Pixabay; 2) arquivo pessoal
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Minha pet é a Diana, em homenagem ao Paul Anka e as muheres da minha vida_ agradeço por isso_ me põem de lado qdo estão a "tricotar" e o caminho é sempre o mesmo,rumo á pilha de louças amontoadas sobre a pia na cozinha. Prefiro assim! Mulheres são a lua cheia,serpentes do jardim de alá; elas lá e eu cá!
Complementares, caro Zé! Sem elas essa vida seria muito ruim.