Homens e mulheres vestimos saias justas. E, com as pernas apertadas, sem poder correr, vez ou outra nos vemos diante de perguntas ardis, que não querermos responder.
Um dia apertado no escritório, por exemplo, o telefone toca incontinente, o colega pede ajuda com um abacaxi de casca grossa, uma reunião aparece de última hora. E o chefe quer saber:
— Por que o relatório que te pedi ainda não está na minha mesa?
Em casa, as pregas da saia não afrouxam. Depois de um dia extenuante, a cabeça lateja, as costas parecem travadas, os ombros pesam uma tonelada. E ainda mais esta:
— Por que você ainda não trocou a lâmpada da cozinha?
Nem calça de pijama, nem uniforme escolar ou macacão da Turma da Mônica. Em criança, vestimos saias curtas. O recheio da bolacha vem de um lado só, as aulas de desenho são um saco, a ponta do lápis de cor quebrou de novo. E a mãe não perdoa:
— Por que você ainda não entrou no banho?
Se a vida é difícil para nós que usamos saias curtas, imagine para um presidente de salto alto, se equilibrando na corda bamba. Num dia sem grandes emoções no Planalto, o amigo Queiroz é preso, as “rachadinhas” são a própria cova aberta, os milicianos já não são boas companhias para os filhos. E ainda o povo quer saber:
— Presidente Jair Bolsonaro, por que a sua esposa, Michelle, recebeu R$89 mil do Queiroz?
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