Logo no início dessa aventura no Mirante, a psicóloga Daniela Piroli Cabral escreveu sobre quantos comprimidos um indivíduo toma em média ao longo da vida. Mas isso foi antes das coisas saírem dos trilhos e as pessoas encherem a cara de corticoide com vinho. Quem diria. Com vocês, Pharmacopeia revisada.
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Eu já perdi a conta de quantos são, mas, na verdade, nenhum realmente é. Talvez eles sejam mais ou menos, quem sabe? Ninguém, na verdade, tem um estudo detalhado sobre o sim ou o não. Mas muita gente acha muita coisa. Isso deveria importar ou servir como prova? Bom, não, mas a gente finge. A gente segue gastando mais com farmácia do que gastava seis meses atrás.
Mas as mesmas pessoas que juram que funciona, possuem a carteirinha do fã clube dos anti-vacina. Não carteirinha de vacinação completa, porque, obviamente, esse é um plano de controle… um plano de quem, bom não tem como sab…
– Oi, mãe. Quer que eu te ligue? Você vai gastar seus créditos?
– Não, tudo bem! Como você está?
– Tô escrevendo meu texto para segunda.
– Ah, legal, a família gostou muito de você falando do seu primo semana passada, todos leram. Esse é sobre o que?
– Não sei exatamente.
– Ah, tudo bem. Aqui, da próxima vez que você for à farmácia, compra um vermífuga para você e sua avó tomarem.
– Mas eu não tenho verme. Acho que saberia se alguma coisa estivesse comendo as minhas entranhas, mas até agora nada.
– Não é isso, é que estão fazendo um estudo para o vírus com esse remédio. Eles não vão dizer qual é o nome por que têm medo das pessoas comprarem todos.
– Ok… eles estão fazendo um estudo sem dizer qual é o nome do remédio, mas você sabe…
– Sim, vou te mandar o nome no zap.
– Por favor, não.
– Se cuida, filha, te amo.
– Mãe, não….
É um justo. Faz todo o sentido, na verdade. O vírus se comporta como um verme (?) é evidente que os vermífugas estão em alta. Espero que amanhã seja a aspirina, tenho várias caixas que comprei na última temporada de gripe que posso vender com o preço altíssimo no Mercado Livre. Ou melhor, desinfetante! Oh, desinfetante será a sensação do momento.
Na verdade, minha avó tem umas caixas de anticoagulante sobrando, será que… Será que eu consigo ganhar dinheiro com paracetamol? Tenho alergia a dipirona, ah, mas paracetamol, faz um bem que eu…
– Victória?
– Oi, desculpa, tava ocupada.
– O que você tá fazendo?
– Tava pensando se consigo levantar uma grana vendendo meu diploma na internet, já que ele vale para pouquíssimas coisas.
– Tá, né. Quer um pouco de vinho?
– Uuuuuu, vinho! Quero, mas você não tava tomando um tal de azi… azitro… ah, um tal de azi alguma coisa depois do almoço?
– Sim, e daí?
– Uai, e daí nada, não é mesmo. Desce o vinho!
– Na verdade, eu tô sentindo uma dor estranha aqui debaixo do peito. Você sabe o que tem aqui?
– Seu fígado.
– Ah, sim. Pra quê eu preciso dele mesmo?
– Para absolutamente nada. Saúde?
– Saúde!