Sandra Belchiolina
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Que viagens de lazer são o sonho de muitas pessoas, é redundante falar. Mas o que acontece quando todos os profissionais desse segmento econômico precisam parar e se reorganizar para que a realização desse sonho permaneça?
O turismo é um dos setores da economia mais impactado com pelo COVID-19. Pesquisas apontam que 80% do segmento parou, respeitando as medidas de segurança.
Segundo a consultoria Ascend Cirium, cerca de dezessete mil aeronaves estão estacionadas nos aeroportos de todo mundo, dois terços da frota global. O mesmo acontece com hotéis, restaurantes, casas de eventos, operadoras, receptivos, agências de viagens. Enfim, todos os 52 setores que a atividade turística impacta¹.
A dinâmica da área aponta para uma “nova normalidade”. Mas o que ela é? Como e o que esperar para as próximas viagens?
A aviação sempre é um bom termômetro para verificarmos o que acontece no mundo. É o setor mais global de todos. Com ela a informatização se iniciou; a tecnologia e as medidas de segurança são tratadas com primor.
Assim, quando surgiram as primeiras movimentações para o cancelamento de rotas na China, devido à um vírus, já sabíamos que era muito sério o que viria. O luto da aviação e dos agentes de viagens começou nesse momento. Agora é hora de sair dele e ir à luta.
O quero contextualizar nesse texto é que temos de estar com o olhar no futuro para podermos deslocar as pessoas no mundo e com segurança. Agora é momento de buscar soluções. Reorganizar e reinventar são as palavras de ordem.
A partir 20 de maio a TAP, Lufthansa e Turkish retornam ao Brasil, seguidas em junho da Aeroméxico, Alitália, Bristish Airways, Copa Airlines. Em julho é a vez da Emirates e United.
As medidas de segurança são diversas, sendo a principal delas a obrigatoriedade da utilização de máscara durante a viagem; os assentos da classe econômica não serão utilizados para manter afastamento de 1,5m.
A Emirates sai na frente e aplicará o teste do COVID-19 em todos os passageiros, com resultado em 10 minutos. Adotarão também o uso de aventais descartáveis e luvas.
A Tap tem no seu portal o protocolo de segurança detalhando, demonstrando como o condicionado é reciclado 20 vezes em uma hora e a filtragem de ar que não permite que o vírus passe. A empresa informa que seus aviões possuem a segurança de uma sala de cirurgia.
Muitos hotéis implantaram medidas sanitárias para atender o público que está envolvido com a COVID-19 – pacientes em isolamento ou familiares, hóspedes que trabalham em home office, tripulação aeroviária, profissionais da saúde e alguns corporativos que por algum motivo demandam hospedagem. Com o exemplo desses hotéis podemos levantar os procedimentos que se manterão por algum tempo.
Check-in e check-out virtual e/ou mantendo distância, higienização de mãos dos hóspedes, e alimentos e bebidas servidos no quarto ou no restaurante com distanciamento das mesas e sem buffet, com serviço individualizado. Em alguns, o turista fica no quarto em isolamento total, sem arrumação até o final da hospedagem.
O Hotel Vivenzo Savassi, que foi recém-inaugurado em Belo Horizonte, contratou colaboradores que pudessem ficar isolados no hotel para não ter perigo de contágio. Seus apartamentos desocupados passam por desinfecção e higienização por 72 horas.
As agências de viagens, operadoras e consolidadoras na sua maioria foram para home office atendendo os cancelamentos e acompanhando as normatizações de remarcações. No início da crise, as comunicações que passaram a ser virtuais ficaram muito lentas, já atualmente, muitas lives sobre destinos e treinamentos on-line estão sendo realizadas.
O que aponta o cenário: viagens com responsabilidades de todo envolvidos – turista, hotéis, cias aéreas e/ou rodoviárias e restaurantes. O agente de viagens tem papel fundamental nesse momento. Serão bons aliados com seu conhecimento, gestão de risco, análise de mercado e as responsabilidades sociais e sanitárias das empresas do setor.
Os destinos brasileiros serão os mais consumidos inicialmente nos próximos meses. Isso devido à nova acomodação dos voos internacionais e/ou nacionais já contratados e que estão em espera para se efetivarem, levando em consideração também à alta do dólar e a estabilização da abertura das fronteiras entre países. Espera-se somente no final do ano certa “normalidade”, tanto para as viagens nacionais como internacional.
As medidas sanitárias ficarão rígidas por um bom tempo, e isso afetará o custo das passagens, elevando para cima. O que deve ocorrer na segunda etapa. Para os próximos meses, haverá muitas promoções. Como foi com a implantação da taxa de segurança nos aeroportos após o 11 de setembro. O ônus foi estabelecido depois, e as medidas de segurança são mantidas desde então, com raio-X nos aeroportos, não embarque com líquidos acima de 100mm ou material cortante e armas de fogo.
Existirá também a exigência de vacinação assim que a vacina para o COVID-19 estiver disponível no mercado. Como já ocorre com a febre amarela para alguns países. Apresenta-se a certificação da imunização.
Nesse momento trágico para o Brasil, quis escrever sobre o futuro que já estamos reinventando. Coloquei de forma generalizada as ações que possibilitarão a vocês – turistas, segurança ao viajar. Por hora, o melhor é ficar em casa quem puder e já pensar e planejar seu próximo destino.
Para meus colegas de profissão, digo para acertarem seus passos na dança porque vamos voar.
Estou à disposição para quem quiser trocar ideias e falar sobre viagens.
Para saber mais
¹ bbc.com/portuguese/internacional-52506262
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Bom dia. É salutar que tenhamos profissionais para debater as dores dos agentes de viagens, que, como eu, estão aflitos e sem um norte para os próximos meses, comprometendo talvez a continuidade do negocio por falta de sustentabilidade mesmo. Vamos acompanhando o desenrolar dos fatos e continuarmos lutando para a erradicação desse vírus. Bom trabalho a todos.