Sandra Belchiolina
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A turma 147 da Escola de Medicina da UFMG foi gigante em números de alunos e em experiências. São de encher os olhos de orgulho.
Desde seu início que os acompanho a distância. Minha sobrinha, Manuela, colou grau em janeiro 2020, junto com seus 179 colegas. Faz gosto ver as fotos. Os novos médicos ocuparam a Praça da Estação em Belo Horizonte.
“Somos muitos, somos múltiplos. Somos Cor”. Frase que sintetiza a turma e vem escrita no seu convite de formatura. Ela foi a primeira da medicina que recebeu na íntegra alunos pelo Sistema de Seleção Unificado (SISU) que estabelece reserva de vagas étnico-raciais em curso de graduação.
E descrevem a sua trajetória:
“Logo à chegada a recepção nos coloria de novo. Tinta no corpo.”
E de onde vem as cores deles?
“De Brasília a São Luís. Do Rio a Aracaju. Da acanhada Vazante à gigante São Paulo. Do ABC. De Londres. Sydney e Budapeste. Da capital e do interior.” E de Cabo Verde também.
Quis saber por que dessas cidades internacionais. Contam que a turma acolheu, retornando ao Brasil, aqueles que fizeram o programa de intercâmbio Médicos Sem Fronteiras.
A internacionalização veio também com a possibilidade de estágio em Portugal, como no caso de Manuela, que ficou durante três meses num hospital em Lisboa.
A juventude e os desafios deles são encantadores. São inclusão e aceitação. São múltiplos em cores, regionalidade e economias. Foram ricos em humanização e fraternidade.
E as cores continuam seu desenrolar:
“E, assim, amadurecemos: pouco a pouco mudaram nossas cores.”
Ampliamos nossas margens e, tom sobre tom, assumimos forma e expressão. Nossos emblemas estamparam rostos, cânticos, bandeiras, mentes e espíritos, confluindo juntos para formar um verdadeiro mar azul e amarelo.
No tortuoso rastro deixado pelas ondas habitam agora emoções de várias tonalidades: desde o entusiasmo pelos novos ventos até o comovido orgulho salpicado de água salgada.
A 147 foi – é admirável de se viver. É composição única, obra de arte que cria, vibra e pulsa no ritmo de suas tantas cores, que se redesenha nos ecos e traçados de suas diferentes vozes.
Somos ainda mais que a soma de nossas
(p)artes.
E segundo as palavras de Hipócrates:
“Ars longa, vita brevis”. – A arte é longa, vida é curta
O mascote da turma, o Fiat 147, que os acompanhou durante todo percurso, espera…
Espera no dia do grand finale, ali no canto do salão do Expominas, para sair distribuindo chopp e alegrias.
Nossa doce e determinada Manu merece todas as honras.
Sua vida fluiu. Desde criança nos enche de orgulho com sua delicadeza, coragem e inteligência. Essa que é, também, emocional. Qualidades que a levam longe.
É tanto orgulho na família que ele transbordou e o coloco em público agora.
Como ela, a turma de Medicina UFMG 147 merecem muita sorte, felicidade e sucessos vida afora.
Foi turma piloto. Riam e choraram juntos.
Tornaram o sonho coletivo de uma educação inclusiva e os sonhos particulares em uma realidade.