Há muitos motivos para visitar Londres, e eles passam pela história e cultura. Podemos listar muitas atrações que envolvem reis e rainhas, até excursões guiadas a pé nos atrativos vistos nos filmes de Harry Porter.
A presença do relógio Big Ben – aquele que nunca atrasa, é vista da torre do Palácio Westminster.
As fotos ali ficam lindas. Também, na cidade, existem muitos museus. Eles vão de Museu de História Natural ao de Cera (Madame Tussauds).
Visitei Londres com amigos, há alguns anos, e pude verificar nessa ocasião três desejos distintos do grupo para contemplar as atrações londrinas.
O primeiro era visitar a ícone Abbey Road e tirar uma foto como a dos Beatles, atravessando-a. O álbum, que carrega o nome da rua, completou 50 anos em 2019.Vários posts invadiram a internet no seu aniversário, e, claro, quis rever a minha foto imitando-os. ¹
O segundo desejo foi tirar uma foto saindo de um black cab – os táxis londrinos que utilizam os tradicionais modelos Austin FX4, LTI TX E LTI Fairway para transporte².
Para composição da lembrança, o turista vestiu um casaco londrino e usou um tradicional chapéu de feltro, os quais foram comprados próximos da famosa Trafalgar Square. Tudo em alto estilo!
O terceiro era o meu: visitar a casa de Sigmund Freud, que desde a morte de Ana Freud, sua filha, a havia se transformado em museu.
O Freud Museum, – já citado pelo Mirante no post da Daniela, – é uma atração para todo tipo de turista e não somente para profissionais que trabalham com psiquismo humano.
Freud era um austríaco e judeu, que durante a Segunda Guerra Mundial, com a perseguição dos nazistas aos judeus, fugiu de Viena (1938), e, foi acolhido e muito bem recebido em Londres.
Mudou-se com a família levando seus móveis – incluindo o famoso divã, relíquias arqueológicas e seus mais 1.500 livros.
Tal façanha foi possível com ajuda de amigos, entre eles a princesa Marie Bonaparte. Dizem que ele não foi reconhecido na fuga porque vestiu-se de mulher.
Instalou-se numa casa de 1920, num bairro tranquilo de Londres. Ali, Freud viveu seus últimos dias.
A mesma foi herdada por sua filha caçula, Ana – a única dos seis filhos que seguiu os passos do pai se tornando psicanalista. Em 1986 a casa foi transformada em museu conforme seu desejo.
Digo que o museu é interessante para todos porque, além da história de um homem que revolucionou a ciência, nele você vivencia a intimidade de um ser humano culto, instigador, colecionador de objetos arqueológicos – com 2.000 estatuetas.
Podem-se ver peças do Egito, Grécia Romana e Oriente, que representam muito para construção do saber psicanalítico. Obras de artistas famosos estão por ali também, como o esboço do rosto de Freud feito por Dali.
Fiquei encantada com sua coleção de antiguidades e muito me emocionei ao ver a Bíblia aberta e sublinhada numa parte sobre Moisés.
Era como se estive vendo Freud lendo e elaborando o texto “Moisés e o Monoteísmo” (1937-1939) – seu último grande trabalho.
Nele, o autor trás as questões da psicologia do eu e das massas, como também a de um povo perseguido. Trabalho muito revisitado por especialista para tentarem entender as atrocidades do Brasil e do mundo atualmente.
A casa conta com sala de áudio visual onde são transmitidas gravações com Freud e vídeos narrando parte de sua história. A instituição contribui em pesquisa e educação também.³
O psicanalista brasileiro Antônio Quinet, teve a honra de encenar, em 2013, a peça Hilda e Freud no Museum. Hilda Doolittle – poetisa e escritora americana, foi paciente de Freud.
A peça é baseada nos escritos e nas correspondências de Hilda com seu analista. Quinet interpreta Freud.
Grandes emoções para todos envolvidos, conforme relata o ator. Foi a primeira vez que Freud reviveu no seu consultório intacto. ⁴
Assim é Londres: essa cidade cosmopolita – sonho de muito intercambistas brasileiros, que vão para cidade estudar inglês.
Conheço um que foi e de Londres partiu para conhecer 54 países, isso durante seus estudos. London, London… haja emoção!
² https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1xi_em_Londres
⁴ QUINET, Antônio. O Inconsciente teatral –psicanálise e teatro: homologias. 1ª. Ed. Atos e Divãs. Rio de Janeiro, 2019
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