Daniela Piroli Cabral
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O mês de Setembro acabou e, depois de envolvida em muitas atividades e palestras sobre prevenção ao suicídio – durante o Setembro Amarelo – , fico muito feliz em reiniciar a participação no blog Mirante, continuando a falar sobre o tema.
Na verdade, sabemos que os dois principais fatores de risco para o suicídio são o histórico de tentativas, e a presença de transtornos mentais e comportamentais. Sendo assim, o suicídio pode ser compreendido como a triste e irreversível consequência de um processo prévio e complexo, que envolve o adoecimento mental.
Na semana passada, houveram diversas comemorações pelo Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado no dia 10 de Outubro, e eu não poderia deixar de falar sobre o tema.
Mas, espera um pouco. O que é Saúde Mental?
Assim como a Organização Mundial da Saúde define, a Saúde é o completo bem estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doenças.
Nesse sentido, a Saúde Mental não pode ser entendida meramente como a ausência de algum tipo de transtorno, mental e comportamental. Ou seja, o fato de uma pessoa não ter o diagnóstico de depressão moderada, de ansiedade generalizada ou de transtorno afetivo bipolar, por exemplo, não assegura que esta pessoa tenha uma saúde mental estável.
O “Capítulo V” da lista de Classificação Internacional de Doenças (CID), que diz dos transtornos mentais e comportamentais é extenso.
No entanto, o fato de não estarmos classificados em um dos seus inúmeros “CID F”, não significa que estejamos em pleno gozo da saúde mental.
A Saúde Mental vai além da ausência de transtornos mentais e comportamentais e passa por um estado de bem-estar em que o sujeito é capaz de reconhecer suas capacidades e limitações e de perceber o seu papel social, tornando-se agente de sua própria história.
Esse estado passa pela satisfação no trabalho, por relações familiares e sociais igualitárias, sem abusos ou violência; passa pelo exercício cotidiano da cidadania, pelo direito de professar a fé ou praticar a sexualidade sem preconceitos ou julgamentos, entre outros.
Assim, o reconhecimento de sinais e sintomas, e a busca por ajuda é fundamental para a assistência em Saúde Mental, mas é preciso compreender que é muito importante trabalharmos na prevenção, na redução de estigma e tabus sobre o tema. Como disse em uma das palestras no mês passado, “deveríamos conseguir falar com naturalidade sobre saúde mental como conseguimos falar sobre a dengue e o sarampo.”
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