Se fossemos transferir as aplicações das penas do CBJD – Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Tribunal Superior Eleitoral, a bancada de Minas Gerais na Câmara dos Deputados já teria alterações antes mesmo da posse no próximo ano. Pelo menos três eleitos cederiam seus lugares aos suplentes com a aplicação da punição prevista naquele instrumento disciplinar.
Os tempos recentes, daí como já manifestei em postagens anteriores, dividiram o país e os dois lados são responsáveis pelo acirramento dos ânimos. Por mais que minha posição pessoal demonstre a tendência de qual lado me posiciono, não me furto em afirmar que ambos têm responsabilidade sobre todo esse momento de intranquilidade que o Brasil e os brasileiros estão vivendo.
Tudo começou com a dor de cotovelo de um candidato (Aécio Neves), derrotado nas eleições de 2014, que não deu conta de digerir a opção das urnas. A partir daquele momento, fez do seu inferno astral a rotina de toda uma nação. Conspirou e se aliou a antigos adversários até – por vingança – conseguir seu objetivo.
A lei de ação e reação ou de causa e efeito, foi implacável com o individuo. Porém, o cidadão continua pagando tributo pela inconformidade do ainda senador mineiro.
Interessante, antes de entrar no que pretendo comentar no tema de hoje, o governador eleito – ao que sei – tentou morar num condomínio próximo à Cidade Administrativa. Foi impedido, pois a Constituição Mineira determina ter de residir na capital. Como não irá – de acordo com sua pregação de campanha – morar nas Mangabeiras teve de procurar outra localização dentro de Belo Horizonte. Leblon fica no Rio de Janeiro. E num passado recente era a moradia principal de governador de Minas Gerais.
Anteontem, quarta-feira, mineiros e brasileiros – estarrecidos – presenciaram cenas lamentáveis de “telecatch” durante a diplomação. Para quem não sabe ou não se lembra, a expressão reporta a um antigo programa de televisão de luta livre. Naquela ocasião, nas tardes de sábado, assistíamos a tudo aquilo, sem saber que era um combate teatral. Como agora? Será?
Pois bem, o neófito deputado federal eleito pelo PSL, Cabo Junio Amaral, teria demonstrado descontentamento com o fato de o deputado do PT (estadual e agora eleito federal), Rogério Correia, ao ser diplomado carregar uma placa com os dizeres “Lula Livre”. Incontinente, abandonou o seu lugar e foi ao centro do palco –ao que percebi – empurrar e tentar arrancar o protesto do petista.
Em resposta, recebeu um soco na cara e devolveu a agressão. A partir daí, como num campo de futebol, as torcidas passaram a se comportar.
E, lamentavelmente, é o que nos reserva o futuro depois de quatro anos dessa divisão do povo brasileiro. Se fossem aplicar as regras contidas no CBJD, que atuo como auditor tanto na Copa Centenário (da Prefeitura de Belo Horizonte) quanto na Copa Itatiaia, Amaral e Correia deveriam ser severamente punidos.
Em ambas as competições, pelo regulamento interno, existem penas acessórias de eliminação desta e da próxima disputa. Seria uma boa e exemplar medida a ser tomada para que líderes eleitos aprendam a se comportar daqui pra frente.
No mesmo regulamento disciplinar, existe a punição para WO – vale dizer aos que não comparecem – com a perda dos pontos e até eliminação. Pois, o senador Aécio Neves (PSDB) em fim de mandato que se elegeu deputado federal com pouco mais de 100 mil votos (esperava entre 400 a 500 mil) sequer compareceu à diplomação. WO no Neves seria muito bem recebido.
A sua ausência, embora compreensível não possa ser entendida como justificável. O ainda tucaninho é quase uma unanimidade. Rejeitado pelos seus opositores, agora também não é procurado para fotos pelos seus antigos admiradores.
Em tempo: Arriscaria em afirmar que intuio que todos os envolvidos, explícitos e implícitos no episódio da diplomação agiram assim de maneira consciente e desejando essa exposição que ridicularizou Minas Gerais. Mais experiente e esperto foi o deputado estadual eleito Virgílio Guimarães, também, petista. Ele, que já foi vereador e deputado federal, depois dessa confusão apareceu com um cartaz contendo a expressão “PAZ”. Virgílio circula com desenvoltura em quase todas as legendas que compõem o cenário político mineiro e nacional.