Mesmo sem a pretensão de posar de crítico de cinema, até porque me falta qualificação para tal, gosto da sétima arte e sempre procuro uma boa fita para assistir – preferencialmente na telona, com aquele forte ar condicionado que obriga o uso de blusa e cachecol.
Pois bem, aprecio um bom filme, mesmo não me preocupando e tampouco ocupando em saber nome de diretor, ator ou atriz e país de procedência. Enfim, leio a sinopse, as vezes o trailer e faço a escolha. Quando sou traído, mesmo não gostando do que estou vendo, fico até o final. Afinal, já paguei mesmo o ingresso… Pelo que lembro, uma única vez saí com poucos minutos, pois errei feio e não observei que se tratava de uma exagerada ficção dirigida ao público jovem.
Dito isso e justificando a pretensão do assunto, que nasceu ao ouvir uma conversa numa mesa ao lado, afirmando que estamos numa fase baixa de bons filmes (“tem nada que preste”), resolvi entrar no assunto que, reafirmo, não ser meu forte. Para esse fim, temos aqui mesmo no UAI e em grande número nas redes sociais, blogs especializados assinados por gente competente. Mas, ao contrário do que disse ter ouvido, posso assegurar que estão nas salas de cinema de Belo Horizonte interessantes filmes para serem vistos.
Dias atrás, me atrevi em mencionar três nacionais, mas entre eles apenas um continua em cartaz. “Baronesa”, uma vez que “Canastra Suja” e “Tungstênio” agora só em DVD para nós mineiros. Entre os que estão em cartaz, faria dois destaques: “Uma casa à beira mar” e “O orgulho”. Ambos, coincidentemente, franceses.
O primeiro, que ao ler a sinopse sugere ser daqueles que leva a plateia ao choro, ao contrário, é delicado e além da história central tem pequenas outras situações comuns ao nosso cotidiano. O reencontro de três irmãos em torno do pai enfermo provoca uma volta ao passado e sugere novos acontecimentos a cada um deles e em torno deles. Nem comentei sobre as imagens. O vilarejo onde foi filmado é um lugar privilegiado e bucólico. Vele muito à pena.
Já o outro, que traz à reflexão a questão racial – muito forte na França – expõe um preconceituoso e arrogante professor, que para salvar sua condição ameaçada na Faculdade, precisa orientar uma aluna vitima de seus ataques. Com cenas, algumas hilárias que levam o público aos risos e até mesmo comentários incontidos, mostra o quanto pessoas inocentes são usadas por supostos “superiores” étnicos e poderosos. Também gostei!
Além deles, destacaria “Custódia”, “Desobediência”, “50 são os novos 30” e “Nos vemos no paraíso”. No primeiro deles, uma disputa pela guarda dos filhos, escancara que a disputa é apenas pelo orgulho ferido. Em Desobediência, conflitos e preconceitos culturais e homofóbicos enraizados são expostos. O terceiro é muito legal, especialmente para a geração de 50, 60 anos, como a minha. E o último deles, sequelas pós-guerra, entre soldados e seu antigo comandante. Ou seja, numa rápida pincelada, são cinco títulos interessantes em cartaz.
O mês de julho, reservado às férias escolares, privilegia fitas infantis – especialmente desenhos – para a garotada. Nem por isso, ficamos sem boas opções. Além dos que mencionei, tem duas comédias nacionais “Mulheres alteradas” e “Uma quase dupla”, que nada de excepcional mostram, mas provocam boas e divertidas gargalhadas. “Arranha Céu – coragem sem limites”, que longe de ser meu estilo coloca muita adrenalina. Devo ter desviado o olhar da tela, seguramente, cinco ou mais vezes esperando o final da cena.
Tentando completar o roteiro em cartaz, temos ainda “Hanna” e “Todo dia”. Que me perdoem os especialistas de cinema, que mencionei no início. Não consegui achar o que li nos comentários e, por isso, não sugiro nenhum deles. É muito papo cabeça para essa minha que deve ser “oca” ao ler sobre ambos.