Saúde Mental

Desde que surgiu como especialidade no final do século XVIII até os dias de hoje, a área da assistência em saúde mental foi estigmatizada. Psicólogos e psiquiatras eram considerados os profissionais que atendiam exclusivamente aos “fracos da cabeça”. Duas décadas atrás, ainda era comum ouvirem-se frases como: “psiquiatra é para gente doida” ou “psicólogo ‘vira’ a mente das pessoas”. O fato de alguém procurar ajuda … Continuar lendo Saúde Mental

Toxinas

Observando com atenção, vejo que há duas coisas que derramam fezes sobre gerações. Uma delas é o patriarcado por si só. A outra é o fanatismo religioso. Ambas têm a mesma raiz, amparada no rol das estratégias para a manutenção da propriedade privada e das estruturas de poder do passado. Com o passar dos séculos, as duas coisas se desenvolveram e tornaram-se entidades independentes, de … Continuar lendo Toxinas

Rock ou militância

Na última quarta-feira, dia 08 de novembro, tive a oportunidade de ir ao show do Roger Waters no Mineirão. Antigamente, eu detestava Pink Floyd exceto por “Wish you were here”, que era a única música que sabia tocar no violão ( “sabia”, no passado mesmo, porque faz tempo que já me esqueci). As músicas da banda me traziam sentimentos confusos, uma sensação de psicodelia que … Continuar lendo Rock ou militância

Registros

 É difícil escrever sobre qualquer outra coisa enquanto acontece essa guerra. Meu celular pipoca a todo tempo com notícias muito tristes. O terrorismo é algo absolutamente abominável e injustificável. Porém, acredito realmente que esteja havendo uma tentativa de limpeza étnica palestina. O que fazer? Sinto-me de mãos amarradas. Se o mundo estivesse ciente do que acontecia na época do holocausto, talvez pudesse ter evitado … Continuar lendo Registros

Um Primo primoroso

Taís Civitarese Diante dos conflitos entre judeus e palestinos, na tentativa de entender o incompreensível, resolvi ler um livro que, fazia algum tempo, repousava sobre minha prateleira. Comprei-o há muitos anos após assistir à entrevista de uma atriz francesa e judia que dizia ser o livro mais marcante de sua vida. Eu não sabia do que se tratava, mas fiquei curiosa com a indicação. Li … Continuar lendo Um Primo primoroso

A espera – Um conto de hospital

Marcelina nasceu com uma síndrome incerta. Desde muito nova, seu desenvolvimento não acompanhou os marcos da idade. Andou tarde, falou mais tarde ainda. Não sabe ler ou escrever aos 16 anos. Seu temperamento é o de uma menina doce e gentil. Interessa-se por assuntos de criança, expressa-se de forma deveras simples. Um dia, pediu à sua mãe uma boneca. Queria uma bebê “reborn”, igual às … Continuar lendo A espera – Um conto de hospital

A espera – Um conto de hospital

Marcelina nasceu com uma síndrome incerta. Desde muito nova, seu desenvolvimento não acompanhou os marcos da idade. Andou tarde, falou mais tarde ainda. Não sabe ler ou escrever aos 14 anos. Seu temperamento é o de uma menina doce e gentil. Interessa-se por assuntos de criança, expressa-se de forma deveras simples.  Um dia, pediu à sua mãe uma boneca. Queria uma bebê “reborn”, igual às … Continuar lendo A espera – Um conto de hospital

Sobre a guerra

Minha bisavó tinha a pele escura. Ela mal falava português. Usava palavras em árabe quando precisava dizer alguma coisa mais complexa.  Seus cabelos eram pretos e longos, e não brancos como os das bisavós normais. Ela tinha os olhos fundos com olheiras. Era magrinha e usava vestidos de algodão. Lembro-me dela, apesar dela ter falecido quando eu tinha 9 anos. Uma vez, entrou um boi … Continuar lendo Sobre a guerra

Orquídeas

As orquídeas daqui de casa floriram em setembro. Todas elas desenvolveram botões que desabrocharam em flores. Na maior parte do ano, elas são hastes vazias, depenadas. Parecem mortas, hibernantes, não fossem as folhas verdes e largas de sua base. Um dia, elas formam botões que evoluem para um espetáculo de pétalas. Este dura pouco tempo. Dois meses, algumas semanas. Para depois adormecerem novamente. Há muitas … Continuar lendo Orquídeas

Pauline

Em 2009, Leo e eu nos mudamos para Paris para estudarmos. Leo iria fazer um curso de gastronomia na escola Ferrandi e eu consegui um estágio de neurologia infantil no hospital Kremlin-Bicêtre. Ao conversar com o chefe do serviço, ele me orientou estagiar nos mesmos termos que os acadêmicos. Eu já era médica, mas não poderia prescrever. Apenas entrevistar, evoluir os pacientes e participar das … Continuar lendo Pauline