Antipatia semântica

Taís Civitarese Há algum tempo, tenho observado os modismos linguísticos. Termos que pareciam esquecidos ou que tinham um uso específico entram em voga e se espalham por toda parte. Dentre esses, uma certo ramo me incomoda profundamente. Tudo começou com “diferenciado”. De 2010 para cá, tudo o que era “bacana”, “luxuoso” ou que tinha um quê a mais, ganhou essa alcunha um tanto quanto pastosa. … Continuar lendo Antipatia semântica

Ser humano não é ser Homo sapiens

Taís Civitarese É impressionante como alguns brasileiros parecem não perceber o país em que vivem. Acham que estão na Suíça ou na Inglaterra, talvez por viajarem o mundo e verem Sephoras e Mc Donald”s instalados tanto aqui quanto lá. Pensam que estão em uma versão mais arborizada dos Estados Unidos ao se fecharem em bolhas bem decoradas e cercadas de segurança armada por todos os … Continuar lendo Ser humano não é ser Homo sapiens

Devorador de livros

Taís Civitarese O cachorro deu para comer meus livros. Isso me trouxe um profundo desgosto. Ai de mim se abandonar um exemplar sobre o sofá. É fato que em poucos minutos, será encontrado aos pedaços na garagem, recoberto por terra, irrecuperável. Com o outro cão, eram os sapatos. Talvez isso indique algum tipo de evolução (canina ou minha?). Talvez isso simbolize algo. Descobri esse pendor … Continuar lendo Devorador de livros

Mulheres e misoginia

Taís Civitarese Não é de hoje que pessoas oprimidas aliam-se aos seus opressores para sobreviverem. Isso acontece a todo momento. Negam sua essência, sua história e seu passado em troca de um pouco de sensação de pertencimento. Não são todos que estão dispostos a guerrear pelo que são. Concordo que nem sempre os contextos permitem a guerra. No entanto, a resignação à opressão é adoecedora. … Continuar lendo Mulheres e misoginia

Cores dissolvidas

Taís Civitarese Lendo as últimas notícias, fiquei tocada por uma imagem. Ela foi feita por um dos voluntários que participava dos mutirões de limpeza das casas inundadas do Rio Grande do Sul. Não é uma imagem propriamente chocante em comparação às tantas que foram noticiadas ao longo da tragédia. Tampouco seria digna de nota por sua magnitude em termos de perda material. Porém, ela me … Continuar lendo Cores dissolvidas

Desafogo

Taís Civitarese Coisas que se sente e que não tem nome. Ando às voltas com elas. Às vezes, é difícil processar as violências que se vive. A única coisa que se tem são os sentimentos. Confusos, deslocados, incômodos. Em situações assim, acabo por suprimi-los da mente na esperança que desapareçam. Porém, nada desaparece. Eles sempre voltam. As situações que os provocam sempre voltam ao pensamento. … Continuar lendo Desafogo

Limites

Taís Civitarese Uma das maiores dificuldades observadas em nosso ambulatório de atendimento psiquiátrico a crianças e adolescentes é o estabelecimento de limites aos filhos por parte dos pais. Há inúmeras famílias em que se observa um alto grau de permissividade e pouca ou nenhuma autoridade referenciada aos cuidadores. Aparentemente e segundo relato dos mesmos, os pais têm medo de perder o amor dos filhos ao … Continuar lendo Limites

Indecências

Taís Civitarese Ando exausta com a hipocrisia. Exausta com quem profere a frase “moral e bons costumes”. Tudo começou com Madonna e os ataques de pelanca diante de seu show no RJ. Se poupem, falsos moralistas! Vocês cometem indecências dos piores tipos. Sonegam, mentem, traem e difamam. Modifica-se o código de proteção ambiental de todo um Estado. E vêm apedrejar quem mostra que o rei … Continuar lendo Indecências

Machos Alfa

Taís Civitarese Dia desses, deparei-me com um seriado na Netflix chamado “Machos Alfa”. Trata-se das desventuras amorosas de quatro amigos de meia-idade vivendo em Madri nos dias de hoje — aos moldes da famosa série “Sex and the City”, protagonizada por mulheres, em Manhattan. Ao contrário desta, porém, o roteiro tem tônica jocosa ao estilo “pastelão” e o apelo fashionista das amigas novaiorquinas é substituído … Continuar lendo Machos Alfa

Hipocampo

Taís Civitarese Adrianinha e sua irmã Clara ganharam uma piscina de plástico. Era um modelo de armar, azul, estampado com peixes e figuras do fundo do mar. Ela foi montada na varanda do apartamento onde moravam, que ficava no primeiro andar de um prédio. As duas esperaram ansiosamente por um dia de calor. Finalmente, veio um sábado ensolarado. Vestiram suas roupas de banho, correram para … Continuar lendo Hipocampo