Foto: Pixabay - Não

Não

No meio do caminho, havia um ‘não’. Havia um ‘não’ bem no meio do caminho. Topei com ele. E agora? Quis chutá-lo, empurrá-lo, excluí-lo. O que fazer com esse ‘não’ tão imponente, que interrompia meus planos e desafiava a minha vontade? Qual era a desse ‘não’ atrevido que ousou perturbar minha certeza e debochar das minhas convicções? Mexi com ele. Insisti. O ‘não’ era pesado … Continuar lendo Não

A rede

Taís Civitarese Jorge comprou uma rede. Quis pendurá-la na varanda de seu apartamento para poder olhar o céu e tomar um ar fresco. Perfurou os azulejos do revestimento, instalou os ganchos penduradores e encaixou as alças de sua bonita rede de fibra de algodão cru. Deitou nela. A sensação de estar suspenso lhe agradou. Arriscou balançar-se um pouco. Para trás e para a frente apoiando … Continuar lendo A rede

A treta

Taís Civitarese A treta começou com uma brincadeira no zap. Celinho fez uma piada debochando do cunhado. Este revidou enviando uma figurinha ofensiva. Em seguida, fez -se um silêncio. E ninguém escreveu mais nada. Passados uns dias, quietude no grupo. Nenhum meme ou comentário. Nenhum aviso de golpe novo. Nem fake news mandavam. Uma irmã ligou para a outra muito preocupada. Que grande bobagem esses … Continuar lendo A treta

O último ano da infância

Taís Civitarese Amanhã, iremos ao pula-pula da Mônica. Com direito a lanche e brincadeiras no pacote. Lucas fará 10 anos em breve. Não sei até quando ele se interessará por semelhante aventura no shopping. Daqui a poucos meses, imagino, terei que me desdobrar: programas infantis para o mais novo, diversão adolescente para o maior. Nas próximas férias, pode ser que esse tipo de passeio de … Continuar lendo O último ano da infância

Um ponto

Taís Civitarese A morte ronda lentamente. Ela já está aqui. Sinto sua presença nas sombras. Nos silêncios. Ela está dormindo, mas em breve, despertará. Impossível não senti-la. Não temê-la. O julgamento já foi firmado. Ela avança um passo a cada dia. Ela nunca irá embora. A morte é amarela e cinza. Assim como a doença. Ela é úmida de choro. Aguda. Ela é fria e … Continuar lendo Um ponto

Mil genitores

Taís Civitarese Recentemente, li “O filho de mil homens” do escritor português Valter Hugo Mãe. A obra me tocou profundamente ao contar a história de Camilo e de todos os entrelaçamentos humanos que trouxeram significado a sua vida. Desde então, venho me divertindo com o exercício de identificar os mil “procriadores” que assim se colocam para nós ao longo da caminhada. As pessoas que, numa … Continuar lendo Mil genitores

Foto: Imagem de Olivia Gonzalez por Pixabay - Dona Glorinha Vende Tudo

Dona Glorinha vende tudo

Taís Civitarese Assim indicava a placa. Dona Glorinha estava de mudança para o asilo e pôs à venda,  aparentemente, tudo o que possuía. Lá, precisaria de poucas coisas. Dois jogos de cama, dois de toalha, alguns vestidos, um sapato e seus remédios. Dona Glorinha precisava do dinheiro. Quanto mais arrecadasse, por mais tempo sua permanência estaria garantida. Anunciou seus móveis, enxoval, fogão, geladeira, tapetes e … Continuar lendo Dona Glorinha vende tudo