Reunião de pais, reunião de condomínio. Reunião de familia. Reunião com empreiteiro. Aula de futebol do filho. Aula de música do filho. Deveres de casa do filho. Roupas que consertam na costureira, ir ao armarinho, comprar uniformes, várias idas à farmácia e ao mercado. Marcar médico. Emoldurar quadros. Inúmeras conversas chatas, encomendar salgadinhos. Espalhar cartazes pelo prédio, procurar os óculos.
Comprar uma queijeira, falar aquele não difícil, falar outro não mais difícil ainda. Expiar a culpa.
Mensagens de parabéns, mensagens de condolências. Mensagens para a amiga com quem não falo há muito tempo. Responder clientes, estudar o haldol, ler sobre o Japão, terminar o livro. Lavar o uniforme de basquete, fazer exercícios, costurar o gavião que despregou da bermuda. Assistir à série.
Não quebrar a promessa.
Assim passou essa última semana de fevereiro. Meu bloco de notas exibe uma lista de coisas a resolver infinita. Todas as frases e ações que estão ali resumem fragmentos da vida. Toda a vida existe entremeada nesses momentos. Desta vez, eles me sufocaram. Não sobrou tempo para escrever nada.