Seriedade

  “Não se pode ser sério aos dezessete anos”. Esta frase é de Arthur Rimbaud, poeta francês por quem me apaixonei aos… dezessete anos. A paixão por ele foi fruto de outra paixonite da qual fui acometida na época, denominada Leomania, a verdadeira “pandemia” de fama do ator Leonardo Di Caprio. No fundo do meu armário, tinha um pôster enorme colado no qual Leo sorria … Continuar lendo Seriedade

Quem trabalhará nos bunkers do apocalipse?

Taís Civitarese Será que o Jeff Bezos sabe arrumar a própria cama? Ou será que seu bunker terá também o “bunker de funcionários”? Essa ideia tão absurda de se construir um abrigo subterrâneo preparatório para o fim do mundo tornou-se uma realidade entre muitos bilionários norte-americanos conforme foi amplamente noticiado na semana passada. Aparentemente, os bilios querem sobrevier após a escassez de água, aumento significativo … Continuar lendo Quem trabalhará nos bunkers do apocalipse?

Redução de danos

Taís Civitarese Agora, aos noventa anos, devo confessar um crime que cometi ao longo de boa parte da minha vida. Um crime passível de punição e que prejudicou, de certa forma, muitas pessoas. Tenho, pelas estatísticas, pouco tempo pela frente, não quero carregar essa culpa até o túmulo. Preciso dizê-la em palavras claras, confessar ainda que tardiamente. Só assim poderei repousar em paz, embora creia … Continuar lendo Redução de danos

Mulheres e misoginia

Não é de hoje que pessoas oprimidas aliam-se aos seus opressores para sobreviverem. Isso acontece a todo momento. Negam sua essência, sua história e seu passado em troca de um pouco de sensação de pertencimento. Não são todos que estão dispostos a guerrear pelo que são. Concordo que nem sempre os contextos permitem a guerra. No entanto, a resignação à opressão é adoecedora. A misoginia … Continuar lendo Mulheres e misoginia

Amor e inflamação

Taís Civitarese Tudo começou em uma semana em que só conseguia pensar naquilo: uma unha encravada no dedão do meu pé. Qualquer ínfimo pensamento era imediatamente interrompido pela dor latejante e pela sensação de que o dedo iria se descolar e cair a qualquer momento. A culpa foi toda minha. Ao tentar bancar a pedicure, arranquei uma cutícula extra que, embora incômoda, servia para a … Continuar lendo Amor e inflamação

Experiência do cliente

Taís Civitarese Qual o limite da experiência do cliente? Uma amiga foi a um salão de beleza e contou-me que permaneceu lá por oito horas. Entre cafés em xícaras de cerâmica assinadas, massagem nos pés, ambientes aromatizados e com iluminação cênica relaxante, cadeiras de design e lanche com vol-au-vents veganos, renovar a cor dos cabelos tornou-se uma atividade em segundo plano. Na saída, deixou ali … Continuar lendo Experiência do cliente

O homem histérico

Até que ponto vale responsabilizar os outros pelas nossas mazelas? A vida pede menos romantismo e mais maturidade: carregar traumas como fardos eternos é desperdiçar o presente. Estar são é um ato de gentileza social, um compromisso com quem nos cerca. Performar o injustiçado cansa, desapegar das próprias mentiras liberta. Terapia, exercício, coragem – eis o caminho. Continuar lendo O homem histérico

Nó de víboras

Taís Civitarese Imagine um nó de víboras. Um emaranhado em que cobras se entrelaçam confusamente, com as presas expostas, resplandecendo veneno. Assim é o coração do protagonista deste livro. Ou talvez não. Talvez o nó pernicioso tenha sido feito por terceiros sobre um coração intacto, apesar de avarento. Este é o argumento da fabulosa história de François Mauriac, autor do realismo francês do final do … Continuar lendo Nó de víboras

Memórias da plantação

Taís Civitarese Grada Kilomba, escritora, psicóloga e teórica portuguesa, veio visitar Inhotim. Diante desta notícia, fiquei curiosa e resolvi procurar sua obra. Deparei-me com “Memórias da Plantação”, a principio, um livro sobre o racismo. Era o que diziam os descritores de sites e reportagens que o citavam. O que encontrei foi bem mais do que isso. Foi uma verdadeira aula sobre a humanidade e sobre … Continuar lendo Memórias da plantação

Conclave

Taís Civitarese Ter crescido no catolicismo torna difícil para mim desvencilhar os símbolos desta religião de imagens fortes, impactantes. Por mais que o amadurecimento traga muitos questionamentos, dúvidas e outro tipo de relação com a fé, a imagem de uma igreja ainda me impacta com muita força. Foi um lugar que passei anos frequentando, onde muitas vezes encontrei paz e onde depositei muitos sonhos e … Continuar lendo Conclave