Um Dia de cão

Rosangela Maluf Domingo. Acordo com o barulho irritante de um pancadão. Como assim, tão cedo, a esta hora da manhã? Acendo o abajur. Não acredito: 6h12! Gente! Manhã de domingo e este barulho insuportável, como é possível? Levanto-me, abro as cortinas. O dia está claro, o céu azul, mas o sol ainda não surgiu na paisagem. O som irritante continua. Muitas vozes, alguns gritinhos e … Continuar lendo Um Dia de cão

A história de Laurita

Rosangela Maluf O sol apareceu depois de uma semana de chuva exagerada, quase um dilúvio. Muita gente nas ruas naquela tarde. Muita gente fugindo do sol escaldante. Muita gente espremida naquele ponto de ônibus, esperando com impaciência o ônibus A130. Do meu lado uma senhorinha, sem dentes, mal vestida, cabelo sujo, uma sacola de plástico nas mãos, querendo de todo jeito passar à minha frente. … Continuar lendo A história de Laurita

Juarez, volta pra mim!

Rosangela Maluf Volta Juarez! Todo esse tempo longe de você me abriu os olhos: não serei mais aquela mulher chata que te incomodava tanto. Não mais reclamarei do sagrado chopp com seus amigos; às sextas-feiras, vou procurar um curso de canto na Igreja Três Reis Magos, onde a gente se casou. Enquanto você toma sua cervejinha, quem sabe converso um pouco com o Padre Laércio … Continuar lendo Juarez, volta pra mim!

Certa manhã…

Sandra Belchiolinasandra@arteyvida.com.br Certa manhã, Maria acordou e, como sempre, se acomodou entre seus três travesseiros que embalavam seu sono – um para a cabeça, outro para o aconchego do peito e outro entre as pernas, conforme orientações posturais e para seu bel prazer. Como de costume, ela se virou para o lado e deixou seus pensamentos fluírem, ora para afetos, ora memorizando a agenda do … Continuar lendo Certa manhã…

Fronteira

Victória Farias Cruzar a fronteira sempre foi um ato de rebeldia. Tanto a fronteira dos Estados Unidos com o México, como a Ponte da Amizade, entre o Brasil e o Paraguai. As fronteiras, assim como os muros, servem apenas para nos separar daquilo que só pode viver na nossa imaginação: a liberdade. Seja ela qual for, pensada na nação que lhe parecer mais brilhante. Não … Continuar lendo Fronteira

Little fish

Victória Farias Você acredita em mim? Acredita nas histórias que contei até aqui? O que eu te disse para te convencer? Qual argumento fez você acreditar que eu contei toda a narrativa, do início ao fim, sem adicionar nada das minhas invenções? Não, caro leitor, eu não contei toda a história e a maioria das quais estão escritas aqui só aconteceram no sótão da minha … Continuar lendo Little fish

Absum

Victória Farias “A esperança está na memória.” Nessa história nossa personagem foi, repentinamente, preenchida por uma sensação de vazio. Pensou ser incrível como o vácuo pode ocupar tanto espaço. Assim como ocupa todos os cantos do universo. Acaricia todas as estrelas e planetas, mas abre espaço para os asteroides. Dança no vórtex das supernovas.  Ainda assim, sentiu o vazio total, a absência real. A falta … Continuar lendo Absum

Em defesa do tedio - Fonte: Pixabay

Em defesa do tédio

Daniela Piroli Cabraldanielapirolicabral@gmail.com Escrevi há duas semanas sobre os impactos do uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) nos processos de subjetivação contemporâneos e fiquei a refletir, num exercício de futurologia, como será o nosso mundo humano e tecnológico no futuro.  Já falei aqui sobre o tecnoestresse e a dependência tecnológica, que é um quadro que evidencia os efeitos negativos do uso das tecnologias … Continuar lendo Em defesa do tédio

TAEDIUM VITAE

Daniela Piroli Cabraldanielapirolicabral@gmail.com (texto original publicado em 27/05/2020) O cotidiano. Ele já foi inspiração para muitas artes e alvo de estudo e teoria dos mais diversos campos de saberes. Mas agora se materializa na realidade em forma de uma pia cheia de louça suja ou no convívio intenso com as manias alheias. Pois é, ele está bem aí, ou aqui, debaixo dos nossos olhos. Nu … Continuar lendo TAEDIUM VITAE

Essa tal felicidade. Fonte: Pixabay

Essa tal felicidade

No fundo no fundo, a vida é mesmo muito estranha e carrega os seus insondáveis mistérios. Na última segunda-feira o existir me colocou diante de uma armadilha do destino. Por sugestão de uma professora, me candidatei para dar uma aula sobre “Felicidade” aos meus colegas de mestrado. Tarefa basicamente simples: ler o texto de suporte, elaborar uma apresentação, fechar algumas “sinapses” e fazer a exposição … Continuar lendo Essa tal felicidade