Sob o efeito de um porre poético 

Silvia Ribeiro

Sob o efeito de um porre poético convidei alguns sentimentos para uns drinks.

Me sentindo como se tivesse me reunindo com velhos amigos, persegui a ideia de encontrar obviedades e prazeres desenfreados.

Papos da vida real rolaram espaçosamente e se encarregaram de se manifestarem de forma explícita, para que fossem amplamente desejados pela anfitriã.

Protegidos por um sistema que não se dá somente por lembranças e sofrimentos desnecessários, fizemos algumas peregrinações por intuições e inspirações fascinantes.

Era visível, aventuras e trajetórias brindando cada personagem do grupo.

Quisemos sair das superfícies, cavando terras para encontrar raízes e para ver as flores primaverarem como uma pacata rotina.

Cada pétala trazia o amor na hora certa, e não levava consigo o nosso coração no instante da sua morte. 

Genuinamente, sentíamos o seu descanso. E ao mesmo tempo, sabíamos que esse movimento era apenas uma simbologia arquitetada pelo tempo. Isso chamou a atenção das nossas emoções para as próximas pétalas que viriam.

Essa “irracionalidade” deixou a nossa roupa solta, colocou o nosso pé no sofá e destrinchou as nossas tentativas de escolher um bom lugar para as histórias que deram origem à esse encontro.

Sem querer ter a simetria perfeita do sorriso que ia de canto a canto, nem saber qual foi o pico da nossa juventude ou dormir com uma camiseta estampada “carpe diem”, para atrair bons fluídos, viramos a noite sem arrependimentos.

Como as estações parecem cada vez mais apressadas, aproveitamos essa correria para regar as transformações com champanhe.

E, para pedir licença ao passado com um bonito ritual de finitude.

2 comentários sobre “Sob o efeito de um porre poético 

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