Conhecer-se

Mário Sérgio

Segundo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881), expoente escritor russo, filósofo, jornalista e grande investigador da psique:

“TORNAR-SE CONSCIENTE DE SI MESMO É O MAIOR SOFRIMENTO DO SER HUMANO. PORQUE NÃO HÁ DOR MAIOR DO QUE PERCEBER QUE O INIMIGO QUE MAIS TEMEMOS MORA DENTRO DE NÓS. OLHAR PRA DENTRO É RASGAR O VÉU DAS ILUSÕES. É DESCOBRIR QUE NEM SEMPRE SOMOS VÍTIMAS. ÀS VEZES SOMOS A MENTIRA QUE CONDENAMOS.”

Partindo desse conceito mais amplo, podemos estimar que diversas PcD, especialmente quando vivem em ambientes de baixo IDH, carentes de recursos mínimos, estão mais propensas a condições de risco social maior. Para se ter uma ideia dessa verdade, no recorte das PcD, a expectativa média de vida é menor, entre 13 e 20 anos, em relação ao geral da população. Complementarmente, o percentual de analfabetismo é 6 vezes maior nesse grupo. É bem verdade que, para alguns, aproximadamente 1,2 a cada 100, ainda não há instrumentos eficazes para alfabetização. No entanto, justificam-se as expectativas com o uso do termo “ainda”, porque o futuro pode nos reservar boas surpresas. Esses números deveriam ser suficientes para avaliar que “direitos” conquistados, não são “privilégios”.

Por exemplo, até meados do século XVIII, não se imaginava, no Brasil, a possibilidade de pessoas surdas serem alfabetizadas. E nem ao menos falar. Mesmo que não houvesse danos em quaisquer dos elementos orgânicos responsáveis pela fala, acrescido à surdez. E isso foi modificado a partir do trabalho excepcional do professor e poliglota francês Edouard Hernest Hüet, trazido ao Brasil por D. Pedro II, para mudar essa realidade. Seu trabalho gerou, em 1857, a criação, no Rio de Janeiro, do Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em pleno funcionamento, agora com o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Hüet, para muito além disso, desenvolveu o método Libras, nos moldes do que era adotado na Europa e que ainda é largamente utilizado atualmente. Essa referência histórica, nos permite sonhar que também aqueles que hoje não podem ser alfabetizados, talvez o sejam no futuro.

A consciência referida acima, por outro lado, empresta plenitude quem a possui e disponibiliza o instrumental necessário para uma vida com propósito e confiança de que a felicidade é possível. Para tanto, o aprendizado constante e a sedimentação do conhecimento, não podem ser relegados a um plano inferior.

Sociedades mais evoluídas aprenderam e se conscientizaram de que a participação das PcD na sociedade implica ganhos robustos na qualidade de vida e de desenvolvimento, de todos em seu entorno. É uma relação ganha-ganha que, como tantas outras formas de atividades conjuntas, demandam esforços de construção e de entregas em níveis crescentes para cada membro no processo. E, avaliando o tema em epígrafe, cabe perfeitamente a máxima referida expressa em “O Rei Leão”:

A FORÇA DO GRUPO É O INDIVÍDUO E A FORÇA DO INDIVÍDUO É O GRUPO.

Depreende-se claramente que se trata de uma relação simbiótica, onde as partes se complementam e se fortalecem, à medida cedem de si tendo, em contrapartida, elementos disponibilizados pelo outro.

 

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