Do luxo ao lixo

Wander Aguiar

Talvez eu nunca mais repita essa insanidade, mas sim, meus queridos leitores, eu troquei um hotel 5 estrelas por um hostel dentro da medina de Marrakesh!

Foram três noites maravilhosas num hotel luxuoso, com piscina, palmeiras, serviço impecável e um café da manhã que me fazia querer acordar sorrindo (e com fome). Mas o espírito aventureiro — ou apenas a teimosia em “viver como um local” — falou mais alto, e decidi passar uma noite num riad autêntico dentro da medina.

Riad, pra quem não sabe, é uma casa tradicional marroquina com um pátio interno, geralmente transformada em pousada. Parece pitoresco, né? Também achei. Até colocar os pés no tal hostel/riad que eu havia reservado.

Logo na entrada, um cheiro azedo (entre mofo e cebola velha?) me deu boas-vindas. O quarto compartilhado parecia um trem lotado da Central do Brasil às 18h. Gente por todos os lados, malas empilhadas, roupas no chão, e o meu espaço? Nenhum. Minha mala, coitada, ficou de castigo no canto, espremida como se estivesse pagando penitência por alguma escolha malfeita.

Olhei ao redor e percebi: não vai dar. Então, com a calma de quem precisa escapar de um reality show sem ofender os outros participantes, fui até a recepção e inventei uma história que havia conseguido um tour pelo deserto de última hora e precisaria cancelar a noite do dia seguinte para fazer o passeio e consegui cancelar.

Peguei um quarto privativo só pra não dar muito na cara, e naquela mesma noite, com Wi-Fi capenga e suando de ansiedade, reservei um novo hotel para a noite seguinte.

Moral da história: às vezes, a experiência local pode esperar — especialmente quando o cheiro te abraça antes mesmo do check-in.

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