Wander Aguiar
Começo o ano contando uma história pra lá de inusitada de um delicioso réveillon que passei na Cidade Luz.
Passar o Réveillon em Paris soa como um sonho para muitos, mas o meu foi repleto de tensão, imprevistos e, surpreendentemente, momentos únicos. De 2017 para 2018, a cidade-luz, deslumbrante como sempre, estava em alerta devido a ameaças de ataques terroristas, o que dava ao clima festivo um tom de apreensão.
No dia anterior, conheci três brasileiros durante o voo, e combinamos de celebrar juntos a virada do ano. Porém, como se não bastasse a ansiedade que já sentíamos, o WhatsApp caiu no mundo todo, nos deixando ainda mais desconectados e inseguros. Apesar disso, nossa vontade de viver aquele momento único falou mais alto. Juntos, decidimos pegar chamar um uber em direção ao Arco do Triunfo, coração das comemorações parisienses naquele ano.
Nosso motorista da Uber, uma espécie de “piloto de fuga”, mostrou habilidade e paciência para nos levar até o ponto mais próximo dos fogos. Infelizmente, a segurança reforçada implicava em regras rígidas, e uma das nossas garrafas de champanhe foi barrada por ser de vidro. Ainda assim, com uma garrafa restante e a adrenalina a mil, conseguimos encontrar um lugar para assistir à contagem regressiva e à espetacular queima de fogos que iluminou o céu parisiense, graças a Deus sem a bombas que estavam “programadas”.
Após o espetáculo, a volta aos hotéis revelou mais uma surpresa. Cruzamos o caminho de uma família de brasileiros que, para nossa surpresa, conhecia amigos em comum comigo. Era como se o universo conspirasse para transformar aquela noite em uma sequência de encontros inesperados e memoráveis. Juntos, estendemos a celebração com um jantar improvisado e uma clássica saideira, que marcou o encerramento perfeito de um Réveillon tão inusitado quanto inesquecível.
Com o dia já quase raindo e algumas horas de sono ainda por vir, era hora de me preparar para o próximo destino. Paris, com toda a sua magia e imprevisibilidade, havia deixado uma marca profunda, provando que, mesmo sob tensão, a cidade tem o poder de encantar e surpreender.