Mário Sérgio

Os marcos em nossa história de vida assumem uma importância especial por nos permitir avaliar, a cada ciclo ou período, a evolução pessoal e, também, aquela relativa aos outros fenômenos ou pessoas que nos rodeiam.  Só assim, imagino, nos torna possível o ato de mudar a trajetória, avaliar resultados, tomar decisões de continuidade ou de alterações de cursos. E são essas mudanças possíveis que fazem com que os erros não se repitam, que os acertos funcionem como suporte para alcançar patamares mais elevados. Tanto em qualidade de vida, quanto em confortos materiais, relações mais profícuas e felizes. 

O dia 1º de cada ano, não é só “mais um dia”. É um referencial para que nos tornemos, senão integralmente, pelo menos mais próximos de nosso ideal de vida. Como disse a saudosa e magistral Elis Regina em uma entrevista, é preciso mudar de ideia, às vezes, decidir eventualmente, de forma contrária ao que nos propusemos no passado, para nos protegermos de decisões equivocadas, tomadas quando não havia informações claras ou suficientes. Isso faz toda a diferença entre o bem-estar merecido e a tortura dos remorsos pelas perdas que poderíamos evitar ou pelas conquistas que deveríamos obter. 

Naturalmente, há situações que estão além de nossa capacidade de mudar. Mas podemos nos adequar de maneira a tornar as adversidades menos penosas, quando é o caso. Mas há, com toda a certeza, um número muito maior de coisas que se sujeitam à nossa vontade, desde que decidamos enfrentar os desafios, desde que acreditemos em nós mesmos, desde que permitamos ao outro ser tão melhor que a sua felicidade se espelhe em nossos próprios corações. 

Saber que vencemos uma etapa e reconhecer que ainda temos algum ânimo ou força para, pelo menos, tentar ir além do ponto em que já chegamos, é um estímulo importante. A consciência de que ainda teremos dores, desafios, perdas e derrotas, ao invés de nos deprimir, deveria servir de alento para nos esforçarmos mais, levantarmos a cabeça e partir, com alegria e fé, em direção ao nosso destino. A certeza é de que também haverá momentos de êxtase, pequenas e grandes vitórias, abraços, apertos de mão, sorrisos e rostos iluminados. Assim, chegando ao final do ano que se inicia, teremos a consciência tranquila de termos tentado com toda a nossa energia. 

A expectativa de vida das pessoas em geral, vem se ampliando com o tempo. As PcD, estatisticamente, têm uma estrada menos longa, no entanto, com todo o desenvolvimento tecnológico alcançado pela humanidade, essa diferença vem se reduzindo. Assim como as pesquisas têm possibilitado vencermos diversas doenças, e as vacinas impedido o retorno de outras tantas. E isso é razão de sobra para comemorar e para reafirmar nossas esperanças de dias melhores, mais saudáveis, mais prósperos. 

Com alegria, é o que os ciclos nos ensinam, como no bom samba-enredo “Renascer das Cinzas” (1974), de Martinho da Vila; ou “Começar de Novo” (1979) de Ivan Lins e Victor Martins. 

É tempo de acreditar e renovar. Feliz Ano Novo.