Wander Aguiar
Finalizando minha aventura pelo Caminho de Santiago, decidi parar em Luxemburgo antes de voltar a Lisboa. Pequena, charmosa e incrivelmente organizada, a cidade me surpreendeu. Melhor ainda foi ter ao meu lado Matheus, um amigo que transforma qualquer passeio em riso e leveza. Nosso final de semana foi uma sucessão de momentos memoráveis, explorando ruas impecáveis e nos perdendo entre conversas e pratos típicos.
Tudo parecia perfeito até o momento de voltar ao aeroporto. Enquanto o tôníco do final de semana ainda me envolvia, uma realização atravessou minha mente: eu não fiz o check-in! Um frio na espinha me atingiu. Sabia que as companhias aéreas não perdoam essas falhas, cobrando taxas altíssimas. Peguei o celular e, em tentativas desesperadas, percebi que algo estava errado: o check-in não completava.
Chegando ao balcão da companhia, com a paciência se esgotando e o tempo voando, expliquei a situação. Foi então que o atendente, com um sorriso simpático, mas sem solução imediata, revelou o problema: overbooking. Haviam vendido mais lugares do que o avião comportava, e eu era um dos afetados. O desespero foi imediato. Sem esse voo, eu perderia a conexão em Lisboa para Angola, além de frustrar meu amigo Lucas, que já me aguardava para um almoço combinado.
Insisti, expliquei e implorei. Após negociação, o atendente me entregou um bilhete sem assento garantido. “Se houver desistências, você pode embarcar”, disse ele, deixando-me com uma esperança frágil. A corrida contra o tempo começou. A fila do raio-X era interminável, e o horário de embarque se aproximava. Cruzei o aeroporto quase voando, com a tensão aumentando a cada minuto.
Cheguei ao portão e acompanhei, com o coração na boca, cada passageiro que entrava no avião. Quando o embarque foi encerrado, me informaram que três assentos haviam sobrado. Fui chamado. O alívio foi tão grande que quase me esqueci do cansaço acumulado.
Em Lisboa, reencontrei Lucas. Nosso almoço foi uma mistura de alívio e celebração, com vinhos, queijos e uma visita à Primark para reforçar os estoques. Com as malas cheias e o espírito renovado, voltei ao aeroporto para finalmente retornar para casa, levando comigo a certeza de que, mesmo nas adversidades, as boas histórias sempre encontram espaço para acontecer.