Peter Rossi
Certa vez disse o poeta que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço.
Alguns defendem que não é bem assim. Se lembram do abraço de urso, ou do tamanduá e ainda as situações em que dormimos abraçados com o inimigo.
Brincadeiras à parte, o abraço é mesmo indispensável. Ele não só aconchega e agasalha, situações sempre lembradas, mas também permite a transmissão de energia por indução.
Há momentos em nossa vida que o que mais precisamos é de um abraço. Às vezes, mais do que um beijo.
No abraço a gente se entrega, se esfrega, sente o cheiro, sente confiança, sente vontade de nunca mais sair dali.
Desde pequenos somos condicionados assim, ou ninguém nunca reparou que trazer um bebê no colo nada mais é do que abraçá-lo com a delicadeza devida? Isso sem falar, que somos gestados abraçados a um útero.
Abraço é uma coisa tão boa que as vezes nos permitimos até com quem não conhecemos. É engraçado, mais isso acontece demais. Somos apresentados a pessoas as mais diversas e, em algumas ocasiões, o ímpeto é de abraçar e não apenas apertar a mão. Claro que isso já aconteceu com todos nós.
Abraço de dor conforta mesmo em silêncio. Um outro idioma é falado ali. O “abracês”, no qual a comunicação é exercida apenas com o gesto, em grande parte sem movimento algum. As pessoas se abraçam e ficam ali, quietinhas.
Abraço virou substantivo, embora tenha todas as nuances de um adjetivo. Gerou o braço a indicar parte do nosso corpo. Dois, três ou quatro braços se transformam em um abraço, e pronto!
Existem abraços distantes, só me atineiquando adulto. Eles seguem embalados em envelopes, escritos em cartões, impressos em e-mails. Mas a verdade é uma só: embora escrito com a mesma letra, quando sinceros, emanam sentimentos do papel e de fato nos sentimos abraçados.
Abraço é tão bom que quando não recebemos, a gente inventa. Abraço não tem sexo, nem cor, nem nenhum critério que as más línguas apontem como divisório. Abraço não é muro, é trincheira. É muvuca no sentido mais agradável do termo.
E não se restringe a nós, humanos. A gente abraça nossos gatos, nossos cães, nossos bichos de estimação. E a coisa é tão maluca que chegamos a abraçar uma causa, uma ideia, uma luta.
Pois bem, como a repetição é o melhor exercício a levar à perfeição, o ideal é que estejamos sempre abraçados.
E não nos façamos de rogados – adoramos ser abraçados! Quem diz que não gosta, finge. E, se reparamos, o abraço atenua a dor e o cansaço. Nos abraçamos nas filas intermináveis, tornando a espera palatável. Nos abraçamos de medo, garantindo confiança a amparo. Nos abraçamos de frio, sabedores que a chama de nossos corações manterá a temperatura no grau exato.
Já repararam que o abraço não tem frente nem costas? Girando em torno dos abraçados, percebemos seus rostos em todas as ocasiões.
Haveria de ser lavrado o decreto: não tem direito ao sono aquele que não abraçou durante o dia. Pode até ser que alguns acharão esquisito, mas com certeza estarão mais felizes. O abraço serve de lembrança, de saudade e nos permite sentir o descansar. E ganhando o direito ao abraço, dormiremos abraçados ao travesseiro …
O abraço de partida, molhado nos ombros, com a esperança de que não acontecerá. O abraço de chegada, na plataforma das estações de nossos mais profundos sentimentos, a demonstrar que tudo vale a pena e que a tristeza é apenas uma variação da medição das condições climáticas, e que logo passará. Nuvens de alegria afastarão os maus tempos.
Abraço incontido, alegre, subversivo até, a exclamar os mais impensáveis pensamentos. Abraços de tesão, de carinho, de conciliação. Abraço sem melindre, com requebro, franco e destemido. Abraço herói … a nos salvar sempre, sem precisar mandar qualquer pedido de socorro!
No fundo, bem lá no fundo, poderíamos viver como marionetes: sempre balançando a cabeça e com dois braços abertos, prontos para abraçar quem passar pela frente!
O abraço tem o poder de mudar um dia, mudar uma vida. É o único aperto pelo qual todos gostamos de passar. Abraço que como um laço nos embrulha de presente e entrega ao amigo distante, à namorada encantada, ao filho brilhante, aos pais orgulhosos, aos momentos de paz.
Dentro de um abraço a gente não quer juiz, nem ter razão, a gente quer apenas ser feliz!
Que bom que é assim. Um abraço!
O abraço é o princípio da cura, segundo Rolando Toro, idealizador da Biodança. No abraço os corações se juntam.
Belo texto, Peter. Pra variar!
Um beijo da amiga Júnia
O abraco,pode ser,as vezes,uma forma intensa de dizer td ou algo q n temos coragem.O abraco eh um gesto,um ato completo,sem dizer nada,dizendo td!