Silvia Ribeiro
Eu peço ao Deus do amor…
Que não me deixe em paz e desperte em mim um revoar de entregas que me leve até um bom abraço, que me ensine a magia do que não foi combinado e que, vez ou outra, me faça sentir bobinha. Só para que eu tenha vontade de cometer todos os desatinos que a minha alma necessita.
Que me faça escorregar pelos meus desejos até que reste apenas a paixão consumindo a minha pele, e que me alimente da crença de re(apresentar) todas as cenas que já vivi e ter tempo de quebrar algumas vitrines do medo. Só para que eu adormeça os ponteiros da espera.
Peço que seja ligeiro e se mostre nas madrugadas enfeitadas de silêncios, que cubra o meu sono de sereno, preencha os meus vazios e observe as minhas curvas como se elas se exibissem no meio do salão. Só para que a saudade se refresque nos meus lençóis macios.
Que compreenda o meu encantamento e a minha forma de tornar os meus sonhos azuis e a minha coragem provável, e que não me faça renunciar quando as alegrias não se mostrarem para mim. Só para que eu possa acreditar nas minhas miragens.
Que passe a ser a minha conexão com o riso e salve todas as minhas ânsias de pertencimento, que me faça suspirar como quem se identifica com um filme romântico e imaginar a vida sem pontos cegos. Só para que eu queira guardar a minha meninice no meu caderno.
Peço que traga para mim um cheirinho no pescoço, de um jeito sacana, que guarde as minhas carícias dentro de um parêntese, que mereça um lugar na minha memória e descubra as minhas poesias como se tudo fosse uma grande brincadeira, “e se divirta”.
Que entenda o caminho entre os meus lábios e o meu colo, que me lembre da emoção de um beijo quente, que me faça tremer dentro do vestido e que me traga o orgasmo de um final feliz.
Peço ao Deus do amor que provoque em mim umas coisas esquisitas.
Pernas bambas… borboletas no estômago… taquicardia… sudorese… bochechas vermelhas… olhar perdido… hormônios em ebulição… e (…).