Amy Winehouse

Taís Civitarese

Sua voz parecia a de uma cantora de jazz negra dos anos 60. No entanto, ela era branca e contemporânea, inglesa e franzina.

Tinha o estilo de uma pin up moderna, com maquiagem forte, a pele cheia de tatuagens e um aplique volumoso no cabelo. Por vezes, descoloria a mecha da franja e usava um piercing proximo ao lábio, simulando uma pinta. Tal “look” arrematado por boa dose de carisma faziam dela uma presença inconfundível.

A música pop nunca mais seria a mesma apos sua breve passagem por ela. Amy Winehouse lembrou-nos que o jazz é para todos e que o soul tem esse nome por um motivo literal. Cantando com verdade letras predominantemente escritas por ela, provou que a arte sempre pode se renovar quando se une à coragem de ser autêntico.

Seu primeiro álbum, Frank, foi sucesso imediato em seu pais de origem. Em seguida, veio Back to Black, mais elaborado e com produção de Mark Ronson, gente grande no mundo da música. Com ele, ela ganhou 5 Grammy, incluindo o de melhor álbum de 2006. E conquistou um público que, como eu, a considera insubstituível.

Sua originalidade passou como um raio pela Terra. Lembro que estava no meio de um plantão pediátrico quando, em uma checada rápida nas notícias, soube de seu falecimento em 2011. Intoxicação alcoólica.

Em meio às pressões da fama, más influências, uma personalidade vulnerável e o insano assédio da mídia, Amy infelizmente sucumbiu às drogas. Perdeu dente, perdeu ainda mais peso, perdeu compostura, não perdeu talento.

Em um mundo de tantas artistas pré-fabricadas, existiu Amy Winehouse. Única, instigante, emotiva, jazzística, com um twist na voz inigualável. Uma gênia musical como não se via há tempos e que demorará muitíssimo para, de forma semelhante, reaparecer. Suas músicas seguem vivas carregadas por um timbre – parafraseando um de seus hits – mais forte do que ela mesma.

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