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Resistência ao mundo financeiro virtual

Eduardo de Ávila

Não sou refratário, ao contrário, mas existem situações de momento mais que pós-modernas que vou viver e chegar ao meu último dia oferecendo rejeição e privilegiando minha dificuldade. Nem vou comentar, voltando a um tema já manifestado aqui neste espaço, sobre o uso indiscriminado das redes sociais, em detrimento da atenção a quem está ao lado.

Tento, na medida do possível, evitar e me flagro cometendo essa mesma grosseria. Houve uma situação em que meu celular, a todo momento, apitava com sinais de mensagens, até que a pessoa que estava comigo reclamou se eu não ia checar. Disse que naquele momento minha atenção era para ela e não para quem estava distante.

Porém, o que me sugere hoje trazer é algo mais pragmático. Nunca tive destreza em lidar com dinheiro. Minha vida financeira, sempre ajustada, sofreu percalços por essa inaptidão. Em tempos mais distantes, minha maior dificuldade era lidar com recursos dentro do meu limite. Sofri muito, mas – ainda que já bem mais velho – consegui alinhar despesas dentro da receita.

Daí pude e fui ter de “guardar” (aplicar/investir) evitando colocar debaixo do colchão. Que dificuldade. Nas conversas eram tantas letras acopladas e um falatório sobre riscos, conservador, poupança, fundos, ações. Eu, cá da minha ingenuidade, dizia que só queria que aquela pequena “sobra” ficasse protegida e me rendesse atualização. Fiz a escolha!

Passado um tempo, fui lá eu fazer o “resgate”. Assustei! Tanto desconto. Taxa disso, daquilo, IR, quase me convencendo que, se tivesse feito da maneira que só conhecia “por ouvir dizer” do esconder no colchão da cama, teria sido menos problemático. Foi então que, contando com a compreensão de quem me atende na agência, que me vê sistematicamente, me conhece pelo nome, cara e me dá bom dia sincero, fomos ajustando até encontrar uma solução. Que me deixasse satisfeito e que nos próximos “investimentos” não tivéssemos de realizar tantas reuniões como fomos obrigados para ajustar tanto mal-entendido.

Ao final, se já gostava do banco e da agência, com muito mais motivação permaneço e indico pessoas do meu relacionamento a “guardar” suas sobras na conta ou até mesmo aplicar com uma dupla de gerentes sensíveis e que se ocupam e preocupam com seu cliente. Olho no olho! Fico daqui, em meio a tanta mensagem e até ligações telefônicas, me convidando para transferir meus parcos recursos para esses novos bancos virtuais. Resistirei! Nesse caso sou refratário.

Em poucas experiências que tive com esse sistema mais que pós-moderno, foi de receber ligações sistemáticas de cobrança. O insensível robô não me dava a opção de contar a ele que meu nome nunca foi Ana. Mas, por quase dez vezes por dia, me ligava tentando fazer um acordo. Até mandei mensagens tentando explicar o equívoco, mas a insensibilidade da máquina queria que eu digitasse uma tecla de acordo extrajudicial. Foi quando, orientado, entrei com uma ação no juizado especial e na mesma manhã o chato robô deixou de me amolar. Na audiência, que pedia danos pela importunação, disseram não ter nada a me oferecer. Foi quando registrei que a ação já estava ganha, pois pararam de me encher o saco.

Conclusão: nada melhor que a cara boa dos funcionários da sua agência, que chamam a gente pelo nome, oferecem café, uns curtem o dia seguinte da vitória do nosso time e outros quando o rival vence. Desde a entrada no estacionamento da agência, passando pela recepção, caixa, atendimento, segurança e o cobiçado cafezinho. Robô nem bom dia te deseja. É só disque um, disque dois, disque três e nem te escuta. Vaaapooo! Vazei!

Blogueiro

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  • Pois é, Eduardo, também não sou nem um pouco adepta a bancos virtuais. Oferecem muitas pseudo-facilidades para o recém-cliente, mas depois viramos um número e não conseguimos mais falar com ninguém. O mesmo ocorre com as operadoras de celular, as quais quando ligamos para atendimento, a opção de falar com um atendente somente aparece depois de meia-hora. É uma total falta de respeito com o ser humano. Fico impressionada como tentam nos ludibriar, como se o atendimento 24 horas com assistente virtual fosse uma maravilha moderna. Muito melhor se fosse de 8 às 18 horas, com alguém do outro lado da linha.

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