Momentos de fragilidade. 

Silvia Ribeiro

Tenho momentos de fragilidade.

E quem não tem?

Fico pensando.

No que me falta, nos sonhos que foram da boca pra fora, e no que poderia ter sido.

Nas histórias de amor que eu não escrevi, nos até breve que não vieram, e nos desvios que se concretizaram.

Na alegria que não brotou, no final feliz que não vivi, e na saudade que me dói.

Nas despedidas que se deram, na esperança que murchou, e no outono recolhendo as minhas lágrimas.

E tantos outros pormenores em que efetuo os meu monólogos.

Quando tudo isso acontece, quero apenas um olhar macio pra deixar as minhas intemperanças. E se possível, uma massagem nos pés.

Até chegar, fiapos de gratidão dançando na minha frente, me trazendo um baú com estrelas cintilantes e cheias de prosa.

E lá eu vi.

Risadas incríveis caindo sobre mim, braços quentinhos envolvendo a minha cintura, preces sendo ouvidas. E até bichinhos de estimação.

Príncipes que não viraram sapo, bilhetinhos se declarando, fotografias que ainda não foram engolidas pelas traças. E gostosas tardes de amor.

Ao remexer em tudo aquilo que havia sido ajeitado pelo tempo percebi um enorme espaço vazio.

Tentei entender o que aquele lugar queria me dizer, e confesso que senti um certo medo de enfrentar aquela suposta ameaça. Mas precisava arrumar aquela casa.

Uma mensagem displicente jogada num canto dizia:

Aqui mora o tempo- deixe em mim as suas vivências.

7 comentários sobre “Momentos de fragilidade. 

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