Silvia Ribeiro
Tenho momentos de fragilidade.
E quem não tem?
Fico pensando.
No que me falta, nos sonhos que foram da boca pra fora, e no que poderia ter sido.
Nas histórias de amor que eu não escrevi, nos até breve que não vieram, e nos desvios que se concretizaram.
Na alegria que não brotou, no final feliz que não vivi, e na saudade que me dói.
Nas despedidas que se deram, na esperança que murchou, e no outono recolhendo as minhas lágrimas.
E tantos outros pormenores em que efetuo os meu monólogos.
Quando tudo isso acontece, quero apenas um olhar macio pra deixar as minhas intemperanças. E se possível, uma massagem nos pés.
Até chegar, fiapos de gratidão dançando na minha frente, me trazendo um baú com estrelas cintilantes e cheias de prosa.
E lá eu vi.
Risadas incríveis caindo sobre mim, braços quentinhos envolvendo a minha cintura, preces sendo ouvidas. E até bichinhos de estimação.
Príncipes que não viraram sapo, bilhetinhos se declarando, fotografias que ainda não foram engolidas pelas traças. E gostosas tardes de amor.
Ao remexer em tudo aquilo que havia sido ajeitado pelo tempo percebi um enorme espaço vazio.
Tentei entender o que aquele lugar queria me dizer, e confesso que senti um certo medo de enfrentar aquela suposta ameaça. Mas precisava arrumar aquela casa.
Uma mensagem displicente jogada num canto dizia:
Aqui mora o tempo- deixe em mim as suas vivências.
…o tempo passa, as coisas ficam.
Exatamente!
Gostei!
Exatamente!
Obrigada!
Maravilhoso texto !! Como.srmpre , e muito bom ler seus escritos minha querida Silvia Ribeiro ! Parabéns mais uma vez !
Muito obrigada pelo carinho.