Virar a página 

Silvia Ribeiro

Outro dia alguém me disse da dificuldade de virar a página.

Como é difícil sair da comodidade de sentimentos e da rotina da entrega sem uma intromissão de um olhar de amor.

Parece mais fácil se contentar com migalhas e ir jogando os estilhaços pra debaixo do tapete como uma forma de punição.

E quando isso acontece, corremos um sério risco de ouvirmos a chibata estalando culpas que não parimos. Ainda que elas queiram ser um objeto de decoração na nossa mente.

Fiquei torcendo pra que num passe de mágica, ou um pirlimpimpim desses qualquer, tomasse conta daquela tão desajeitada autoestima e possuísse seu corpo. Dando uma carta de alforria para aquele jeito torto de acreditar que a felicidade só existe à dois.

Podemos ser felizes à “um”.

Imaginei quão seria importante se num dado momento as diversidades fossem apreciadas, e todos esses destroços afetivos que deixam na nossa caixa de correio fossem estruturados.

Bagunças emocionais e impiedosas que matam sonhos, que arranham histórias, e que desaforam o espelho, sendo esmagadas por um bouquet de flores.

Projetei uma máscara de um cosmético quase imperceptível invadindo o quarto na calada da noite, cuidando dessa imagem caótica de que, não sou “boa” ou “bom” o suficiente. E porque não dizer, propondo novos desafios.

Intrigas que deixam rugas no nosso lado de dentro, a nossa alegria com uma cara feia, e um coração sem viço. Como se tivéssemos fadados a usar um crachá escrito com letras garrafais- fracasso.

A verdade é que sabemos que não é tão simples assim.

Mas, a gente torce pra que seja.

2 comentários sobre “Virar a página 

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