Silvia Ribeiro
Não sou boa de despedidas.
Tenho a sensação que elas demoram mais do que deveriam, e sempre me atrapalho com elas.
No entanto, não coleciono desimportâncias, sentimentos sem sal, e nem pedaços de ninguém. Acho que andaram me dando essa mania ainda dentro do ventre.
Costumo dizer que os meus olhos são falantes demais pra se acomodarem em espaços vazios e em trajetos mal costurados.
Não consigo ser rasa, nem sei me esconder quando o assunto é afeto. A minha alma gesticula, e os meus desejos por aptidão são risonhos.
Gosto de histórias purpurinadas, de dançar debaixo do chuveiro, de amar sem porquês, e de me contaminar com invenções da minha cabeça. Aliás, sou boa nisso.
Preciso de gestos simples me devolvendo a capacidade da inocência e de cometer algumas loucurinhas gostosas por aí. Sentir que o dia tem gosto de algodão-doce e me lambuzar.
Tenho um desconforto que queima o meu peito e um andar autoritário que vive em busca de reticências. Sonhos que não são medidos pelo tempo e palavras que nunca dormem.
Entrar no coração de alguém pelas portas do fundo, nem pensar.
Por vezes, acordo no meio da noite com uma sensação inoportuna de saudade, e ao meu redor um redemoinho de pegadas conversam sem parar.
Algumas eu reconheço logo de cara, já outras me parecem menos nítidas.
Sinto que “alguém” veio me visitar.
…penso que somente dois tipos de pessoas podem entrar pela porta dos fundos: uma amiga que queira transformar a nossa linda amizade em um Amor puro e sincero; ou uma ladra que queira roubar meu Coração.
É isso aí.
Silvia é mesmo uma grande cronista! Delicio-me com suas saltitantes palavras! Obrigado Silvia!
Muito obrigada!