Categories: Sandra Belchiolina

Fotojornalismo: Filme Guerra Civil

Sandra Belchiolina

O terceiro olhar sobre a trilogia que me propus escrever com temática fotógrafos de guerra é sobre o filme recém-lançado no Brasil, Guerra Civil. As outras crônicas são – A foto do ano, horror que nos assola e Fotojornalismo: crianças e as mazelas do mundo. Hoje o fotojornalismo será abordado pela ficção desse filme distópico, onde o cenário de guerra transcorre em um Estados Unidos da América devastado pela implosão de conflitos internos e alimentados pelo seu presidente.

A história escrita e dirigido pelo premiado Alex Garland (Ex Machina), é uma narrativa que discorre sobre uma equipe de jornalistas e fotógrafos de guerra que resolvem desafiar as medidas de segurança para terem um furo jornalístico. A veterana fotógrafa Lee (Kirsten Dunst) e seu colega de trabalho Joel (Wagner Moura), viajam com a novata nos clicks Cailee Spaeny (Jessie) e o “velho”, conforme o chamam, Stephen Mckinley Henderson (Sammy). Partem numa viagem arriscada pelo país com o objetivo de registrar o cenário caótico vivido pelos norte-americanos. A dimensão do horror e do descontrole que tomou conta de toda nação e da desmedida guerra desenrola-se na totalidade da película.

Instigantes são as questões que o “velho” e o novo trazem. A experiente Lee abrindo passagem para a principiante Jessie. Seus diálogos e reflexões mostram a transformação e resignação de um fim, passagem e o recomeço de outro lado. Aborda as desilusões de ideais da fotojornalista experiente, contrapondo a renovação dos sonhos da jovem Jessie. O “velho” (Sammy) que salva a vida dos três companheiros e submete a sua ao fim em prol dos colegas. Mostra uma guerra insana que não perdoa nem os combatentes antigos, pois a sobrevivência, diante de tamanho conflito, torna-se dar a vida para o outro sobreviver. 

A dimensão da desordem, paranoia e morte apresentam-se lado a lado com os desejos decididos do repórter Joel e da fotojornalista Jessie. E é sobre o despropósito e o absurdo da guerra que irão capturar durante todo percurso da viagem de New York à Washington, D.C. As pessoas matam por não aceitarem o diferente, matam pela paranoia instituída, matam porque alguém está atirando, então deve morrer. Matam sem saberem exatamente porque estão matando. Matam e matam…

Um dos ensinamentos de Lee para Jessie: “Nós só registramos e deixamos que os outros questionem”. E Jessie segue seu caminho mesmo em momentos trágicos, documentando com sua câmera analógica e em preto e branco, tirando as fotos/registros principais da guerra. Uma sacada do escritor/diretor que faz um contrassenso, um paradoxo entre o novo e o antigo. Entre os modernos equipamentos da experiente fotografa Lee e a ‘velha” máquina fotográfica da estreante em conflitos, Jessie.

E o final da história das duas mulheres, é o ciclo da vida retornando ao seu princípio. Os questionamentos ficam para nós!

Blogueiro

Share
Published by
Blogueiro

Recent Posts

Dezembriar

Silvia Ribeiro Então é dezembro. Hora de pegar a caderneta e fazer as contas. Será…

1 hora ago

Feliz Natal

Mário Sérgio Todos os preparativos, naquele sábado, pareciam exigir mais concentração de esforço. Afinal, havia…

19 horas ago

Natal? Gosto não!

Rosangela Maluf Gostei sim, quando era ainda criança e a magia das festas natalinas me…

1 dia ago

Natal com Gil Brother

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Com a proximidade do Natal e festas de fim de ano, já…

2 dias ago

Cores II

Peter Rossi Me pego, por curiosidade pura, pensando como as cores influenciam a nossa vida.…

2 dias ago

Corrida contra o tempo em Luxemburgo

Wander Aguiar Finalizando minha aventura pelo Caminho de Santiago, decidi parar em Luxemburgo antes de…

3 dias ago