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E eu sofri sim com a dengue

Eduardo de Ávila

Duas semanas atrás, trouxe aqui sobre meu desconforto pessoal com uma consulta presencial, cujo diagnostico — sem exame laboratorial — foi de ter contraído esse vírus transmitido pelo mosquito. Comentei que saí do Pronto Atendimento, depois de quatro horas de espera e outros dissabores, com uma receita nas mãos que sugeria isso e/ou aquilo, caso sentisse determinados sintomas que nem levei ao consultório.

E a decepção foi confirmada no dia seguinte, ao acordar de bem com a vida e sem sentir nada do que o receituário sugestionava. Aliviado, naquele primeiro momento, de que apesar da perda de tempo — parecia — não se configurar essa contaminação. Não tive febre, fazendo medição da temperatura; sem dor abdominal; letargia ou queda de pressão, que também era aferida sistematicamente. Até o oxímetro entrou em ação e me deixava seguro e mais decepcionado com o atendimento irritante e nada convincente do local que fui em busca de socorro.

Seguia os dias, atento a eventuais alterações no meu estado de saúde, até que passei a perceber que acordava super bem-disposto, mas no correr do dia surgia alguma tontura e — parecia que sugestionado pelo tanto que lia sobre essas e outras doenças do momento — um pouco de enjoo. Foi aí que resolvi retornar a outra consulta. Optei, entretanto, pelo atendimento virtual para fugir da longa espera na fria sala de algum Pronto Socorro de Hospital. Rápido e eficiente atendimento, me confortou saber que seria feito exame para a finalidade de confirmação ou não de uma eventual contaminação.

E o resultado não podia ter sido liberado em pior momento. Esperei mais de 48h e, a cada nova conferência, constava “exame em andamento”. Pois que, no sábado anterior ao passado, indo para o estádio ver o jogo do time do meu coração, chega o aviso de “resultado liberado”. Plaquetas baixíssimas e a confirmação da dengue com valor oito vezes acima do limite desejado. E agora? Amigos esperando minha carona para a partida de futebol e eu sem saber o que fazer. Segui e voltei para casa, com um empate indesejado, atônito com os procedimentos que deveria adotar. Tem algo pior que limitações? Desconheço, mas assumi e — confesso — passei a me achar pior do que estava imaginando.

Devagar a notícia foi se espalhando entre amigos e parentes, alguns desavisados preocupados com nosso último contato, sem a informação de que essa doença não é transmissível dessa forma. Rejeitado e evitado por alguns, segui — agora sim — as recomendações do segundo e atencioso doutor do atendimento virtual. Uma irmã me liga e conta que teve esse vírus e achou que ia morrer. Disse a ela que diferente disso, eu não estava imaginando essa possibilidade. Sabia estar com os dias contados. Eita, doencinha FDP! Derruba machões e feministas, bem como todos os demais. Se já tinha no início ou não, fato é que conheci — depois de muito tempo sem qualquer contaminação dessa ordem — o desconforto com essas moléstias com similaridades de sintomas.

Agora passou, felizmente, mas vou carregar para sempre a decepção da longa espera e a conclusão que me sugeriu ter sido precipitada por falta de exame confirmatório. O que ficou para mim foi uma porca economia e/ou um eventual conluio do plano de saúde com o PA. Nunca tinha recebido, em tantas décadas de vida, um receituário preventivo. Se sentir febre, remédio A; em caso de dor de cabeça, remédio B; enjoo, remédio C e por aí afora. Só para fechar, no sábado, agora o último, fui fazer uma live sobre futebol e o meu time. Comecei claudicante, fui me soltando, terminei a resenha como se não tivesse mais nada. A conclusão é que o meu time me faz bem. Sarei!

*imagens: arquivo Mirante

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  • "Devagar a notícia foi se espalhando entre amigos e parentes, alguns desavisados preocupados com nosso último contato, sem a informação de que essa doença não é transmissível dessa forma. Rejeitado e evitado por alguns, segui — agora sim — as recomendações do segundo e atencioso doutor do atendimento virtual".

    "Rejeitado e evitado por alguns"... é inacreditável e nada cristão algumas pessoas agirem assim. É muita ignorância. Mas que fazer, né? Idiotas existem em todos os lugares. Vá em frente , meu caro amigo Eduardo. Aqui não tem isso não. Tamos juntos e misturados.

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