Luciana Sampaio Moreira
O jogador de futebol Vini Jr., o motorista de aplicativo Davi Brito, que disputa o prêmio do BBB 2024, e ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, têm algo mais em comum que a cor. Eles ousaram sair do lugar comum que historicamente tem sido relegado aos pretos brasileiros e se apresentaram como lideranças.
Em um país onde a criminalidade mais escancarada está na política e tem a cara de pau de defender uma pauta moral que, em nada, gera benefício para o povo e para o desenvolvimento da nação, aqueles que não aceitam um destino miserável e/ou de poucas oportunidades são as “pedras no sapato”.
Vini Jr. pode marcar gol até de costas que ainda vai ganhar insultos racistas. Sinceramente não entendo porque ele continua na Europa, um continente que nunca respondeu pelo resultado genocida das colonizações que fez mundo afora e que – até hoje – não disfarça o incômodo de receber imigrantes que se destacam mais que os “da terra”.
Nos últimos dias, o atleta disse que está perdendo a vontade de jogar futebol. Ou seja, o racismo está em vias de vencer o talento. Será que não é hora de mudar de rota e encontrar caminhos menos espinhosos?
O baiano Davi Brito seria excelente se estivesse no BBB apenas para cozinhar e limpar os banheiros para o resto usar, mas nunca para disputar o milionário prêmio que todo mundo ali precisa levar para casa ao final do confinamento. Aqui fora, com mais de 8 milhões de seguidores no Instagram, ele é o preferido da galera e parece ter promessas de um futuro brilhante pela frente, com ou sem o prêmio de campeão da edição 2024.
Já Marielle Franco foi assassinada em uma trama arquitetada. A elucidação do crime aconteceu no último domingo, 23 de março de 2024, mais de seis anos após o crime ter ocorrido. Ela também ousou atravessar uma linha perigosa e comprometer os interesses de milicianos de uma cidade linda que fica só na beleza mesmo.
Mulher, preta, da favela e lésbica, ela não poderia durar muito! Afinal, o sucesso dela inspiraria outras jovens, o que não é bom para aqueles que apenas querem manter o status quo e viver “nas tetas do Estado”, enquanto pregam o Estado mínimo e aquela estória de família tradicional, vida dentro do útero da mulher, armamento para a população e prisão de maconheiros, quando muito.
Foram esses que, no caso de Marielle Franco, planejaram um homicídio que aconteceu no meio da rua. Homens brancos, cristãos e de direita com carreiras de destaque. Era preciso matar? Acho que na cabeça deles era sim. Afinal, tombando uma liderança, instaurariam um clima de insegurança para outras tantas que estivessem prestes a surgir no cenário político.
Chama a atenção a suprema frieza de um dos acusados, um delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro. No dia do crime, ele encontrou os familiares e garantiu que que daria prioridade ao caso, mas sempre mantendo o sigilo das operações.
Ao ver isso tudo acontecendo ao mesmo tempo, eu me lembro que as eleições deste ano podem ser um divisor de águas para o Brasil. Porque não dá mais para eleger criminosos e contraventores. Lugar desse pessoal não é em Prefeituras, Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional e Presidência da República. A limpeza precisa começar pelas cidades, e a vassoura é o voto responsável de cada um.
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