Silvia Ribeiro
Tem dias que a gente não quer nada. Que dirá. “Escrever alguma coisa”.
Até que…
Asas reluzentes parecem coreografar algum código.
-Ei! Beija-flor.
Que dança mais bonita.
Sabe! Hoje eu acordei com a avó atrás do toco, como diziam antigamente. E modernamente dizendo, não tô no clima.
Mas estou adorando ver você dançando na minha janela.
– Que tal se você cantasse?
-Meu amigo, você não sabe o que tá dizendo. É perigoso até travar as suas asas com o meu desafino.
-Por que não tenta?
-E lá fui eu, com toda a minha coragem. Ainda bem que naquele horário os vizinhos ainda dormiam.
E no primeiro agudo ele me disse:
-Acho melhor você pegar o lápis.
-O danado me arrancou uma deliciosa risada. Na verdade acho que era isso o que ele queria.
-Tenho uma ideia.
Solta os bichos – vomita tudo que está aí dentro do seu peito.
Ouvi dizer que isso alivia. É como se viesse uma chuvinha geladinha e nos lavasse por dentro e por fora.
-Prometo que vou pensar. Por enquanto, prefiro bater o mindinho na quina da porta e falar uns bons palavrões.
É mais exótico, e me deixa leve como uma pluma.
Se quiser, posso até dançar com você. Mas não vá pisar no meu pé.
-Então: diga sobre alguém que te deixa feliz.
-Espera um pouco beija-flor. Ouça a música que está tocando.
-Não consigo ouvir, está muito longe. É quase um sussurro.
-Aos meus ouvidos ela chega com nitidez, e parece tocar no último volume.
Os seus olhos são espelhos d’água…
-Ela te lembra alguém?
-Me lembra sim, passarinho das asas de amor.
Uns olhos que são verdes e que são azuis.
Que parecem mar em dias de sol.
Que me encanta feito canções em roda de violão.
Que são as poesias que eu recito.
E os mais lindos que eu já vi.
Muito bem
Obrigada!
Liiiiiiiindoooo D++++++++
Obrigada!
A beleza está no ar, nos faz belo como a flor do beija flor.
Exatamente!
Pura delicadeza e sensibilidade.
Texto gostoso.
Adoro, né?
Sensacional