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Se libertar

Silvia Ribeiro

E chegou o dia em que a menina resolveu se libertar.

Virou mulher?

Quem sabe.

Dar adeus pra todas essas teorias atormentadas que construímos ao longo dos dias, soltar as amarras das razões que na maioria das vezes só servem de enfeite, e não se esconder por trás de sentimentos maltrapilhos que nem se quer conhece o glamour de ser feliz.

Aumentar a dieta de emoções que engordam a sua gratidão, se limitar de afazeres que não inspiram o seu interior, economizar nas respostas de quem não conhece o seu quintal, e deixar as suas tristezas para um inverno qualquer.

Se aventurar no próprio caos. Talvez seja esse caos que a represente melhor.

Abrir os braços quando o destino lhe fizer cócegas, fazer um brinde quando as surpresas tocarem o seu interfone, e ter libido pela vida quando ela tirar a sua roupa. Ser delícia e se deliciar.

Suturar as suas feridas na raça e sem anestésicos, afrontar a escuridão que intimida os seus sonhos, não ouvir os barulhos de quem não sabe o que dizer, juntar os retalhos da alma e fazer um bom cobertor.

Dançar de rosto colado e não ter o manuseio da sua cintura, se sentir desinibida quando a paixão encontrar a sua cama, deixar a toalha escorregar no seu corpo com malícia como uma criança travessa, e protagonizar o melhor beijo de língua da história.

Acreditar nos seus fetiches, conjugar os seus verbos apenas no agora, trocar figurinhas com o seu salto, e convidar os seus desejos para um banho de sol. Ser várias e ser uma só.

Campear os intervalos entre os que chegam e os que vão embora, ser devorada com sutilezas e enigmas, ter um coração de re(começos), um olhar de santa e um sorriso de pecado. Partir e se deixar ficar.

Colocar na playlist a Vanusa cantando a música mudanças no último volume:

Sou mulher como qualquer uma, com erros e acertos, amor e desamor. Submissa por condição, mas independente por opinião.

Uma trilha sonora brega?

Por que não?

 

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Tags: Amor

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