Novos tempos

Peter Rossi

 

Mais uma página do calendário preso à parede é arrancada! Um ano se vai, se foi, outro já desponta no horizonte.

É estranho pensar nisso apenas como a contagem do tempo, até porque nascemos com um cronômetro em mãos e ao longo da vida ele se transforma em um “timer”.

Comemorar um novo ano é deixar para trás os sonhos que foram apenas sonhados, substituindo a legenda, fazendo publicar uma nova edição. Somos os mesmos, ou melhor, somos menos, nosso tempo se esvai e o remédio é aplicar boas doses de tenacidade e animação.

Precisamos colocar nossas ideologias de molho, escondidas, sem apresentar pra ninguém. São nossas e não devem prestar à discussão. Vivamos com elas que é melhor, sem importunar aquele que pensa diferente.

Vamos em frente que atrás vem gente! E seguem mesmo. Junto com eles nossas frustrações, nossos medos, nossos sorrisos, nossas descobertas, nosso sentir. O tempo é cada vez mais caro e aproveitá-lo ao máximo é a única alternativa razoável.

Tratemos então de ser felizes! Passemos o protetor solar como diz o Bial. Cuidemos de nossas costas. Um boné e um par de tênis confortáveis são essenciais. Nesse caminhar, uma garrafa de água deve estar sempre à mão. Óculos escuros, além de nos deixar mais bonitos, nos privam do excesso de otimismo em raio de sol.

É, meus amigos, a vida vai, se esvai. E não importa saber se durará muito ou pouco, o que é fundamental é utilizá-la em sua essência, até a última drágea.

Nossa preguiça deixemos na coleta seletiva, no lixo reciclável, quem sabe ela nasce de novo a pleno vapor, deixando de ser preguiça, transformada em ansiedade boa.

E nosso amor? Ah, esse deve ser embrulhado em cada página do ano que passou, de modo a ser renovado, polido, lustrado a refletir em todos à sua volta. Um amor estandarte a dizer a todos que viver feliz é imprescindível. Renovemos nossos votos de amor à vida. Namoremos, noivemos com as noites enluaradas, abraçados simplesmente a admirar a luz ao nosso redor.

Sorriso. É imperioso sorrir. Escovemos nossos dentes e passemos a mostrá-los a quem estiver a nossa frente. Com o fio dental, estanquemos as hemorragias do mal humor. Hálito saudável é hálito feliz, com sensação de bala de hortelã renovando brilhos no céu da nossa boca e fazendo com que o ar gelado nos acomode.

Deixemos o “timer” um pouco de lado. Viver em paz é simplesmente uma questão de não fazer questão. Minimalistas, diminuiremos o percurso e as chances de vitória, de aplausos na chegada, serão maiores. Simplificar é a palavra de ordem.

Pois que venham então os novos números, a fração nominada do tempo. Que sejam tempos de paz e luz e que estejamos sempre remoçados em nossos instintos mais profundos.

Venha vida! te esperando aqui, ali, em qualquer lugar. Formamos um casal perfeito e nada melhor que uma música lenta a nos envolver, girando no salão da nossa história, o par absorto e feliz!

Não existe nada mais importante que isso!

Novos tempos, novas expectativas, masterizadas, embrulhadas em papel crepom, para presente, apenas para fazer brilhar nossas retinas. E não percamos de vista a expectativa solene de refazer o que já foi feito, ou o que não conseguimos. A gente tem o forte compromisso em nos permitir. Somos assim mesmo: acreditamos piamente que amanhã será melhor!

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