Natal azul

Faz três anos que meu Natal é azul. Até me esforço, mas não consigo me empolgar com a data como antes.
Os últimos Natais foram duros para a minha família, marcados por perdas.

Este ano, arrastei-me para montar a árvore faltando apenas cinco dias para a festa. Arrastei-me para comprar alguns presentes. Sinto uma letargia imensa, generalizada. Estou arrastando-me para o domingo e sei que é horrível dizer isso. Aqueles filmes com pessoas rabugentas que perderam o espírito do Natal (e depois o recuperaram) estão fazendo bastante sentido neste momento. Não é só na ficção que aquilo acontece.

Estou assim, como um personagem. Faço esforço, mas esse ano estou sem graça. Penso que deveria ajudar alguém para sentir-me melhor. e acho que será esse o antídoto para esta amargura. Além de tentar pensar na lição de esperança que a data representa, apesar de todas as minhas decepções com o catolicismo.

E assim, repleta de ingratidões e blasfêmias, sigo rumo à data com a desculpa de que de blasfêmias e lamúrias também é feita a vida.

O fim do ano já foi uma época que me parecia tão boa! Hoje não sinto mais assim. Sinto saudades imensas. Saudades antecipadas. Um mar de saudades e faltas. E isso me deixa triste.

Que o espirito natalino possa pousar de novo por aqui, trazendo alegria na felicidade dos meus filhos, dos sobrinhos, daqueles que não trazem feridas abertas… Na saúde, no privilégio de estar viva, de ter uma família, amor, paz e alimento. Amém.

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