Peter Rossi
Estava arrumando a minha biblioteca, atitude que me causa infinito prazer. Uma das coisas que mais gosto de fazer. Arrumo os livros por gênero, todos do mesmo autor, um ao lado do outro, e na ordem alfabética em relação ao escritor.
Arrumo uma estante e me sento a admirar. Como são livros os lindos, ou lindos os livros! Minha vontade era mergulhar neles e absorver todas as informações, como num passe de mágica. Como todo apaixonado por literatura, tenho muito mais livros adquiridos do que lidos. Mas isso não é um problema, ao contrário, é sempre bom ter a despensa cheia, para o caso de necessidade.
Remexo aqui e ali e vou organizando: história do Brasil e história geral, biografias, suspense, clássicos, romances, crônicas, viagens, filosofia. Tudo acarinhado e beijado. Além disso, tenho um programa de computador em que cadastro um a um e vou contar pra vocês, já são perto de cinco mil! Isso mesmo!
Em dados momentos fico a pensar para onde irão, quando eu não estiver mais aqui. Acho que vou deixar uma disposição expressa, no sentido de que sejam revertidos em favor de alguma biblioteca. Aliás, penso até em criar uma biblioteca, vou pensar mais sobre o assunto.
Numa dessas arrumações, me deparo por volumes da Enciclopédia Barsa. Não me contive e comecei a folhear um dos exemplares. Que coisa mais linda, tudo organizado em ordem alfabética, por tópicos de interesse. Vez ou outra, algumas ilustrações cuidavam de ornar as informações.
Sou levado a um tempo tardio, quando manuseava essa mesma enciclopédia, para subsidiar os trabalhos e pesquisas escolares. Fiquei curioso e pesquisei sobre a origem etimológica do termo e aprendi que se encontra na expressão grega enkyklios paideia, que significa ciclo de formação, ou seja, uma obra literária que tem como objetivo informar sobre o passado para servir ao futuro, como os organizadores da mais famosa enciclopédia do mundo, a Enciclopédia Francesa, a sintetizaram no verbete encyclopédie.
Ainda com o volume nas mãos percebo que, à época das enciclopédias, as informações seguiam ritmo mais lento, e nem por isso eram intempestivas. Tínhamos a sede do conhecimento, não a sanha da informação. Uma obra com três anos de publicação ainda era atual. Hoje, o jornal da manhã é totalmente dispensável. O que importa é rapidez, não a profundidade e alcance da informação. Uma pena!
Mas, voltemos aos livros. Como são companheiros esses caras. A vida moderna extinguiu as fitas e discos, os papeis, mas os livros ela não alcança. A cibernética não é páreo para a literatura e a produção de livros. Esses são mais, muito mais.
Sei que existem hoje os tablets e livros virtuais, mas feliz constato que ainda são minoria, num ambiente em que a computação sobrepõe-se a toda e qualquer outra atividade. Se um carro era antes mecânico, hoje vem embarcado um sistema de computação que norteia todo o seu funcionamento. Esse é só um exemplo.
Com os livros não acontece assim, as livrarias subsistem e os leitores também. Sempre estão vagueando entre as estantes, buscando alguma novidade. Falar sobre livros ainda é um assunto recorrente e agradável. Os clássicos são eternos e ainda alegram os nossos corações. Enfim, não me canso dos livros.
Peço licença, mas ainda ficaram algumas estantes a arrumar. Preciso me preocupar com o espaço em branco, onde habitarão os novos que certamente irei adquirir.
Boa leitura a todos, sempre!
Perfeito Peter, entrei em sua biblioteca.
A biblioteca é o mundo todo! Viagens a lugares distantes, imersão em épocas remotas ou passagens para o futuro. É para se embriagar cercada desses deliciosos livros.