Silvia Ribeiro
Um dia ele chegou e me encontrou na minha pressa atordoada de fuga.
E naquele momento era inconcebível aquela expressão de desejo impetuoso querendo ficar, aquele arrepio afiado na minha espinha, e aquelas borboletas dançando dentro do meu estômago como se tivessem apresentando uma dança clássica.
E mais ainda.
Um coração exuberante e com histórias pra contar.
Tudo aquilo era vigoroso demais pra que eu pudesse sair à francesa e isso me fez sentir franzina diante das minhas emoções. Eu não sabia qual parte de mim falava mais alto e nem como fazer pra parar o tempo.
E naquele afã de me disfarçar deixei que o destino desenhasse o roteiro e me perdi em algumas bifurcações que eu mesma havia traçado. Um gole de coragem arranhou a minha garganta.
Curioso como aqueles caminhos haviam sido calculados com escritas de medo, com texturas cheias de melindres, e com um sotaque que mudava de acordo com os seus interesses. Imagino que tudo isso não passava de uma provável sensação de quem só quer se abrigar.
Nada daquilo parecia coisa minha, no entanto, era.
Sintomas que pretendiam uma suposta garantia de um não sofrimento, de uma não decepção, de uma não marca no cotovelo, e provavelmente de um não desamor. Estilhaços de quem já conversou com a dor frente a frente.
Um trem que não admitia deixar a estação sem ter a garantia das pontes que iria atravessar e de quais personagens sairia do mundo do faz de conta pra respirar. Uma ilusão de quem ainda não simpatizou com a vida.
Quem dera se nós meros mortais carregasse dentro das nossas malas esse arremate que se borda em esferas sutis, que se inspira com pontos celestiais, e que se eterniza com agulhas de um ciclo longínquo.
Uma verdadeira guerra abriu-se em mim e eu não estava preparada para aquela invasão de intuições ardilosas que iam alcançando o seu modo de existir. Até então eu buscava pelos traquejos tangíveis que eu pudesse modelar feito um brigadeiro.
Foi aí que eu pensei:
Armas, xingamentos, socos, chutes. E todos esses recursos que reconhecemos como um modo de defesa e de luta.
Porém, não era isso.
Sinta o perfume das flores.
É com ele que você deve duelar.
Perfume o amor.
PS: Achei que aquele sentimento não caberia dentro de mim.
Mas coube.
Sempre haverá espaço para o Amor!
Sempre!
Parabéns….parece um conto, uma narrativa sensual, criativa. Traduzindo, assemelha com a realidade contemporânea. Em fim gostei.
Parabéns Silvia….