Esta semana, o vereador Gabriel Azevedo, presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, teve o projeto de cassação de seu mandato aprovado em assembléia.
A alegação principal e mais grave de seus oponentes é que ele incorreu em “quebra de decoro parlamentar”.
Tive a oportunidade de conhecê-lo há alguns anos e venho acompanhando-o pelos jornais e pela rede social. Como cidadã, sinto-me muito bem representada pelo seu trabalho. Desde a última eleição, Gabriel instaurou CPIs para investigar irregularidades em vários serviços municipais, como o transporte público, a BhTrans (que regula o trânsito), e a gestão da Lagoa da Pampulha, patrimônio da cidade. Ele também conseguiu um acordo para melhorias no serviço de ônibus e queda no valor da passagem, além da gratuidade para pacientes do SUS e moradores de vilas e favelas.
Para o entendimento do belorizontino comum (entre os quais me incluo), estas são boas ações, pois visam à economia de recursos, melhoria dos serviços prestados e contemplam as necessidades da população mais pobre.
No entanto, Gabriel é uma pessoa de temperamento transparente. Não oculta sua indignação diante do que considera injusto. Ao mesmo tempo, aproveita sua principal arma – a inteligência e a cultura – para lutar por seus ideais.
Em alguns desses embates, foi acusado de faltar com decoro. Reconheceu que exagerou e pediu desculpas. Talvez coubesse uma advertência formal que o alertasse sobre a má conduta ou mesmo a alternativa de uma suspensão por alguns dias. E isso seria proporcional ao seu erro. No entanto, foi caçado (com cedilha mesmo).
Este fato demonstra, a meu ver, que o puro jogo político está em cena em BH. Aquele centrado única e exclusivamente na busca pelo poder. E pouco ou nada relacionado aos interesses da cidade.
Fico me perguntando se o argumento “falta de decoro” fosse aplicado à conduta de nosso ex-presidente. Pela coerência, quem condena Gabriel certamente o condenaria também. No entanto, verifica-se que não é o caso para boa parte do grupo.
Diante de tudo isso, deixo registrado que considero esse movimento uma injustiça. E mais do que isso, uma lástima. Reitero meu apoio ao Gabriel por suas ações públicas, meu partidarismo à sofocracia e minha admiração por sua coragem.