Cá venho eu contar sobre mais duas palavras que me causam irritação. O interesse nesse tópico não cabe a ninguém além de mim mesma, porém compõe o rol das inutilidades que, por uma razão ou outra, preciso dividir. Na falta de um ouvido mais próximo, o imbróglio coube a você, amigo leitor. 🙂
Lembrei-me de tais verbetes por motivos diversos na semana passada e, ao ouvi-los, desenvolvi uma série de urticárias na pele, um misto de alergias com descamação.
Venho preventivamente descrevê-los também para que se evitem-nos diante de pessoas irritantes, digo, irritativas como eu.
A primeira palavra vem do inglês e é muito usada por decoradores, arquitetos e outras sortes de profissionais dos espaços. Se chama “lounge”. Ao ouvi-la, imagino um lugar com sofás caríssimos, pessoas tomando Aperol de dedos para cima ouvindo house music enquanto assistem ao pôr-do-sol. Ou seja, um cenário bastante angustiante e, para o meu gosto, desagradável. Sua tradução imediata no português seria o simpaticíssimo “saguão” ou “saleta”. No entanto, usa-se com frequência o termo em inglês, talvez para elevar o nome do ambiente aos ares da modernidade. A meu ver, isso faz com que soe enjoativo e repelente daquilo que é legal.
A segunda é “impecável”. Não tenho palavras para descrever esse verbete. A maturidade já me ensinou que algo impecável é necessariamente falso. O pecado está sempre em algum lugar da história, se ele não aparece, é porque foi escondido. Compreendo que o vocábulo tenha uma intenção elogiosa, porém me soa muito empolado e um pouco segregacionista. O conceito do erro é rechaçado e nem se consideram as possíveis gestões de crise. Sou mais a imperfeição da realidade, prefiro aquilo que é bom em sua espontaneidade e caos. Ademais, a obsessão pelo perfeito vêm sempre com um pacote de sofrimento grátis na bagagem.
E por fim, toda a gama de elogios iniciados com “im” e terminados com “vel” me lembra alguém que eu gostaria muito de esquecer de forma definitiva em um lounge impecavelmente segregado de mim.