Categories: Eduardo de Ávila

Contenção de gastos: palavra de (des)ordem

Aprendi, ainda que com atraso, mas em tempo de me reorganizar, que nunca se deve gastar mais do que ganhamos. Minha opção pela justa distribuição de renda, que – via de regra – bate de frente com o capitalismo selvagem, nunca me impediu em reconhecer a importância do empresariado, desde que com responsabilidade social. Assim como também, isso é negado pela maioria dos conservadores, fundamental ao capitalismo é a mão de obra. Sem ela, lamentavelmente explorada, a economia não gira.

Dito isso, vou logo ao que me sugere na terça-feira – meu dia aqui no Mirante – trazer algo para reflexão. Impressiona me demais o pouco caso com o consumidor e as alternativas para baixar custo no nosso dia a dia. Já de tempos conhecemos as portarias eletrônicas sem a presença de um funcionário físico nos prédios. Agora surgiu a portaria remota. Fui visitar um primo, sei qual o prédio, mas não o apartamento. Nem a atendente, que fica – depois soube – numa central lá em São Paulo. Isso pela contenção de gastos.

Tudo bem, mas outras atividades fundamentais e que pagamos por elas, seguem com o mesmo plano de diminuição dos gastos. Em detrimento do interesse em bem servir ao usuário ou consumidor. Fui até minha Araxá na semana passada. A estrada, privatizada tem quase dez anos, está péssima. Era pra ser duplicada, mas as obras pararam no primeiro terço desse percurso e seguem paralisadas.

Já os pedágios, esse não, funcionam a pleno vapor. Quer dizer, nem tanto. Daqui até lá são três deles (6,40; 6,70 e 7,10) – num total de ida e volta de R$ 40,40. Fosse numa boa pista, duplicada como contratado, seria saudável pagar esse custo, mas além da estrada ruim o pagamento dessa cobrança é um sacrifício para o usuário. Nos três postos de cobrança, num deles uma única fila para pagamento e outras três ou quatro cancelas inoperantes. Num outro, acreditem, uma única atendente para os dois lados. A sacrificada funcionária, na cancela que dá acesso aos dois lados da rodovia, atendia alternadamente, numa e na outra direção.

Como se não bastasse, pertinho desse pedágio tem um agradável restaurante e posto de abastecimento. Com movimento pequeno para completar o tanque de combustível, tive de esperar um tempo razoável. Apenas um frentista, que no momento estava ocupado calibrando pneu de outro consumidor. A meu juízo, em que pese a contenção de gastos que o proprietário optou, é um desrespeito ao consumidor que espera em viagem um mínimo de agilidade.

Mas, o infortúnio segue, agora já na lanchonete do restaurante. Seguramente, para quem passa por lá e é um local aprazível que sempre se destacava pelo bom atendimento, não poderia imaginar o tamanho da decepção. O biscoito frito salgado, que me transporta aos lanches na fazenda nos anos 60, é uma das gostosas iguarias do local. Pois estava frio, gelado mesmo, servido com um café igualmente frio numa manhã friorenta. E as atendentes – em menor número -, diferentes de outras de tempos passados, reclamando da vida e do relógio que não andava para dar a hora de ir embora. E esse é o retrato de alguns lugares que a gente frequenta. Tudo em nome da contenção de gastos. O público/cliente que se phod…!

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