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Ela sempre foi assim

Silvia Ribeiro

Ela sempre foi assim.

Cheia de exageros, um tanto quanto manhosa, composta de vírgulas, meio temperamental e mandona as vezes.

Doce feito chocolate. Um sabor que tem que ser deliciado com sutilezas e com apetite, sem perguntar por pontos finais ou brevidades guardadas no colarinho. É preciso que os seus sentimentos derretam na boca.

A sua silhueta é feito um bordado entrelaçado em enigmas e o seu colo tem uma gana de ser feliz que transita com elegância no meio das suas inteirezas. Carrega na sua bagagem uma certa aversão a sentimentos mornos e que pouco se importam com os seus desejos. Ou é quente, ou esfria de uma vez.

O que dizem sobre ela não a define nem lhe tira o sono. O seu coração é falante demais pra se basear em especulações de quem ao menos sabe a cor dos seus olhos. A vida lhe ensinou que ela pode ser quem e o que ela quiser. Ora menina, ora mulher.

Se entrega por amor ou por algo bem próximo disso. Sua personalidade libertadora lhe tira de algumas tocaias e lhe dão a sabedoria de tocar o que pulsa. Vive as suas emoções sem fraturas e sabe driblar o tempo como ninguém. O seu agora é o melhor momento do mundo e os seus medos estão longe de serem exaltados.

É cheia de fases e alimenta dentro de si todas as luas e a intensidade que elas provocam em suas heranças hormonais, e vez ou outra uma delas a toma nos braços e sai por aí pelas noites jogando conversa fora e fazendo serenata nos sonhos de alguém. É nesse instante que ela entende o que é saudade.

Se preciso for ela segue em frente florindo por dentro, e deixando pra trás todos os espinhos que não merecem um jardim. Sua alma é espoleta e só se atreve em abraços demorados, piscadinhas atrevidas, fantasias maliciosas, beijos espertalhões, e outras delícias capaz de adormecer o seu juízo.

Possui uma singeleza de sorriso que mais se parece uma presença divina, e tem sempre uma página em branco na sua cabeceira querendo virar história. E viram.

Dona de si, do seu salto, e do seu batom vermelho.

 

 

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