Sempre ouvimos essa afirmação, que sinaliza parar de reclamar da situação vivenciada naquele momento ou até mais prolongada. Fato é que, reclamantes como somos, sempre temos algo a se queixar. Seja relacionado ao trabalho, companheira(o), governo, até mesmo time do coração, enfim objetos e pertences que discutimos silenciosa e internamente sobre a necessidade ou não dessa posse e propriedade.
Estou num embate pessoal tem dias sobre a questão assumida, tem quase três anos, de aderir ao MSC. Sim, a exemplo do MST e outros movimentos sociais, aderi a tese do Movimento dos Sem Carros. Muitos amigos e conhecidos já estavam nessa condição, outros vieram depois, alguns capitulam e abandonam essa opção. Enfim, não existe o certo e nem o errado, isso é decisão individual e cada qual deve seguir o que lhe é mais confortável.
Confesso que vivia bem, até que comecei a tomar alguns deslizes. Desde escorregões, passando por situações de desconforto, até gerar profundas aflições. É bem verdade que, nesse período – que parece ser longo – boa parte foi de isolamento pela pandemia. Isso já sugere que a experiência não foi tão extensa quanto pode parecer. Afinal, estou vivendo a fase do desconforto de não saber qual decisão a ser tomada.
Num dos posts recentes aqui no Mirante, contei de um tombaço que tomei dentro de um ônibus urbano – da linha 2151 –, que sequer mereceu qualquer ação de gentileza da Viação Zurick. Embora tenha reclamado, por telefone e e-mails, nenhuma manifestação por parte de quem tem como única e exclusiva intenção nessa prestação de serviços o lucro. Que se dane o usuário e suas aflições, ainda que registradas em reclamação.
Como se não bastasse, no último feriado prolongado, me atrevi a ir até minha Araxá de ônibus. Desconforto desde a compra da passagem, no momento de embarque, lanche na parada da viagem, mas especialmente durante o trajeto. Antes de chegar nessa parte que me fez alcançar no destino com dores no corpo, na parada num tal de Via Luz – que parece ser de total interesse da Empresa Gontijo – já vai se preparando para o pior. Quitutes de quinta categoria – péssimo dos péssimos – com preço de restaurante de Hotel Cinco Estrelas. Um horror também a sujeira dos banheiros.
Mas, aqui na rodoviária, depois de passar sufoco com bilhete eletrônico, ao entrar no carro lotado – mais de 40 passageiros e nenhuma poltrona vaga – me deparo com uma jovem senhora e sua filhinha de aproximadamente dois anos dividindo banco comigo. De imediato, pareceu-me, pretender que eu me declinasse da poltrona para conforto de mãe e filha. Superado esse instante de reflexão das partes, colocou a criança no colo e esparramou seu corpo na cadeira dela e seguramente uns 20% da que eu já ocupava.
E assim viajamos, de Belo Horizonte até o trevo de Campos Altos, onde ambas e mais alguns desceram e segui o restante da viagem tentando alongar meu corpo.
De volta pra BH, já no domingo, com a cabeça na decisão do campeonato mineiro, foi outra tensão. Ônibus, carro por aplicativo e táxi parecia procurar azeitona em pastel de pastelaria no centro da cidade. Cheguei lá morto de fome, uma vez que a prioridade era o transporte. Ainda bem que o meu time foi o vencedor, caso contrário toda aquela loucura teria sido em vão.
Agora me basta a atitude de reverter essa situação em andamento, vale dizer, voltar a ter um veículo na garagem. Ainda que para dividir o seu uso, seletivamente, com o terrível transporte coletivo. Daí surge a duvida. Novo, semi novo, comprar ou a novidade na praça que é o carro por assinatura. Como meu conhecimento econômico se nivela meu entendimento sobre foguete da Nasa, sigo na mesma aflição de quando optei pelo MSC. Não sei o que fazer, não tomo decisão, só sei que se é ruim uma situação (seja ela qual for), pior é a outra opção. Tipo, se ficar o bicho come e se correr o bicho pega. Com isso, aquela fantasia de morar no mato, assim como o Ermitão e um antepassado meu, a cada dia ganha mais força.
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Suprema aflição. Mas quem sabe surge um milagre tipo pé esquerdo é tudo volta a ser somente festa. Tô torcendo!