Taís Civitarese
Despedida é aquela coisa que a gente faz porque manda a educação. Fui sem educação muitas vezes ao me esquivar desse momento. Detesto dar tchau.
Não gosto de despedidas, de despedir-me, dos finais. Do fim da festa, fim do feriado, fim de ano, fim da vida.
A despedida precede um vazio que não sei bem o que fazer com ele. Deixa muitos espaços e silêncios incontornáveis para gerir. Tenho dificuldades.
As pessoas que antes ali circulavam desaparecem. Os sons se calam. Os cenários mudam.
Despedir-me dos amigos sempre me dá vontade de chorar. O choro não é pelo fim do encontro em si. Simplesmente parece que não os verei mais.
Sair à francesa dos lugares funciona às vezes, pois assim, não preciso dizer nada. A palavra” tchau” traz uma marca do fim, um certo peso e sinal de que aquilo ali de fato acabou. Se nada digo, não sinto tanto. Finjo que foi tudo continuado, que minha cama é a extensão natural de uma sala cheia. A transição se faz suave e despercebida. Mas sei que isso pode soar grosseiro com o anfitrião.
O fim das coisas é algo complexo para quem é apegado como eu. A ilusão da eternidade protege a gente de ter que planejar a vida. Naquele lugar certeiro e feliz, não haverá medo algum. Quando acaba, essa tristeza estranha me deixa boba e sem lugar. Muitas vezes, choro. Parece que não haverá nada além.
É claro que me refiro aos momentos bons. Alguém já deve ter ouvido falar de uma moléstia assim. Para isso, cunharam a grande máxima da vida em fevereiro: por mais que se sinta e que se ame, todo carnaval tem seu fim.