Quem necessita e usa o transporte coletivo em Belo Horizonte, sofre a cada novo dia com o desdém e o desprezo das concessionárias. Ouço, a todo momento, relatos que entristecem e tiram da gente qualquer esperança de melhoria dessa cara – ainda que subsidiada – prestação de serviço. Pra quem conheceu sistema de metrô, tanto em países europeus quanto aqui no Rio de Janeiro e São Paulo, é deprimente tomar um ônibus urbano na capital mineira.
Teve prefeito recente que em campanha, como panfletagem, levantava cinco da manhã para denunciar esse descaso. Pena que a intenção era pura e simplesmente de angariar votos para suas duas campanhas vitoriosas. A tal promessa de abrir a “caixa-preta” das concessionárias encerrou com a confirmação do resultado das urnas.
O sonhado metrô, nas mãos da CBTU, estagnou numa única linha – de 37 km – que vai do Eldorado ao Vilarinho. Fora desse roteiro, só mesmo o sacrifício de utilizar o péssimo serviço das concessionárias das BHTrans. São mais três linhas projetadas, mas pelo tempo de espera nas gavetas, seguramente a maioria dos belo-horizontinos jamais desfrutarão desse serviço. Agora privatizado, cujo carro chefe de quem vai explorar o serviço é exclusivamente o lucro.
É assim que a maioria das concessionárias do serviço de ônibus opera na cidade e na região metropolitana. Vou contar uma única situação desse descaso. Recentemente, no dia 30 de janeiro passado, usuário da região sul (Serra) com destino até as proximidades do Diamond Mall e Banco Central, por pouco não teve sequelas mais graves dentro de um veículo mal conduzido. Alta velocidade, uso indiscriminado da buzina e manobras arriscadas – ao que entendo como “direção perigosa”, culminando com a queda de passageiro dentro do veículo.
O constrangido usuário, idoso, foi socorrido por duas passageiras sem que a pessoa responsável pela direção sequer diminuísse a velocidade. Ao contrário, seguiu no mesmo frenético ritmo, sem se preocupar com o ocorrido. O passageiro, depois de descer do arriscado ônibus, tomar água e respirar, telefonou para a empresa. Outro desdém no atendimento telefônico.
Insatisfeito, o registro foi feito via e-mail no mesmo dia. Sem resposta, outra mensagem eletrônica encaminhada no dia 6 de fevereiro. Hoje, completando exatos 15 dias do acidente, segue sem qualquer satisfação ou mesmo uma mensagem – eletrônica que seja, ou telefônica – sobre eventuais desfechos que a queda poderia ocasionar.
Felizmente, depois de passar por uma consulta médica, foi recomendado o uso de medicamento para dores ocasionadas pelo tombo. Nada de grave ao idoso, com 65 anos, recém-operado da coluna cervical, com o uso de quatro parafusos. Pura sorte do passageiro, que poderia ter seu quadro agravado pela má qualidade dos serviços de motorista que coloca em risco a vida de pessoas diariamente nessa péssima prestação de serviços.
Para azeitar ainda mais essa queixa, dois registros. É corriqueiro ao entrar nesses veículos de transporte, observar na maioria esmagadora das linhas a falta de “cobrador”. Com isso, cabe ao motorista o recebimento de pagamento pela passagem. Como consequência dessa economia porca das concessionárias, aqueles bancos reservados para idosos, via de regra estão ocupados por jovens que dissimulam desperceber essa regalia aos velhinhos. Se houvesse a figura do cobrador, caberia a ele essa fiscalização. O segundo registro é que esse caso mencionado, não me foi contado por ninguém e tampouco encontrado aleatoriamente nas redes sociais e transcrito neste post, aconteceu comigo.
Pós post: hoje, na mesma linha, uma senhora entrou com quatro crianças e um adolescente (esse parecia ajudar na condução da ninhada). Os seis tumultuaram tanto, numa gritaria infernal, comprovando que o motorista sozinho não tem condições de manter a ordem. Reitero, economia porca. Ah! As crianças passaram por baixo da roleta, que o adolescente pulou, já a senhora – aparentando 40 anos – entrou e saiu pela porta da frente.
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