Sandra Belchiolina
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Naquela noite a lua cheia estava especial. Havia lido que seria a maior do ano. Era a “Superlua de esturjão”, conforme denominaram os cientistas da Nasa. Nomeação dada em homenagem ao peixe encontrado nesta época do ano nos Grandes Lagos norte-americanos. Maria estava na beira da praia no sul da Bahia e apreciava o nascer dessa superlua. Entre papos e gargalhadas com amigos, queria encontrar outro nome para lua. Qual seria o peixe que aparece nessa região que poderia ser homenageado. Quem sabe não um peixe, mas um mamífero – as baleias Jubarte? Adiou o apelido que daria ao espetáculo lunar, e se manteve na conversa do grupo ali presente.
Ela nasceu gigante, avermelhada e com sua imponência começou a traçar seu caminho no mar. Para compor o cenário epifânico havia o vulto dos barquinhos dos pescadores de Cumuruxatiba no balanço do mar, e, também o som de suas ondas batendo na praia.
Era uma noite que lembra a cantiga de Geraldinho Lins:
A noite vai ter lua cheia//Tudo pode acontecer//A noite vai ter lua cheia//Quem eu amo vem me ver///Tem a ver com mar//Louco a sonhar//É o amor que me incendeia//Vou fugir de mim//Leve como o ar… Com certeza o romantismo pairava no ar.
Lua alta, hora de voltar para casa. E Maria seguiu numa caminhada acompanhada pela luz que vinha do céu. Chegando em casa encontra um envelope laranja, deixado cuidadosamente entrelaçado no gradil verde que fecha sua faixada. Maria pega o envelope já pensando quais seriam as possibilidades para o conteúdo. Um informativo municipal? Uma propaganda? Uma conta? O que poderia ser? A conclusão que não seria nenhuma dessas possibilidades, pois não recebe esse tipo de correspondência no local. E, além do mais, o envelope era cuidadosamente escolhido e da cor laranja! Poderia ser vermelho, é verdade, mas era quase. Colocou o envelope na bolsa sem abrir e entrou na casa.
Preparou um chá de camomila, sentou na cama, degustando ainda do mistério. Cheirou o envelope. Nada de perfume. Era um mistério…não havia ninguém que passasse por sua cabeça que poderia deixar um envelope. Uma amiga ou amigo que veio visitar sem avisar e quis poetizar o momento? Não surgiu, em sua mente, ninguém que poderia ter esse tipo de trabalho. Enfim, pensou que era tempo de parar o devaneio e desvendar o enigma.
Abre o envelope. Um riso apareceu no seu rosto…
Num folheto estava escrito: “Onde encontrar as respostas mais importantes da vida?
O acompanhava uma cartinha, escrita em verde e com boa caligrafia.
Era de uma das missionárias do vilarejo.
*
Kkkk… ótimo, Sandra!! Viajei no suspense do conteúdo do envelope! Como você, também criei mil possibilidades para ele!…
E mesmo agora, após sabê-lo, a curiosidade continua e com faíscas de grande expectativa…
Conte-nos, para saciar essa pergunta que não quer calar… ” onde encontrar as respostas mais importantes da vida”, se é que elas podem estar fora de nós?!!…
Pois é, a surpresa o inesperado que da o sabor da propria vida Vida essa que nao pode ser explicada, ja que ela, a vida, é um misterio que precisa ser vivida e nao explicada. Que bom que nao exista resoostas para a vida..